quinta-feira, 9 de setembro de 2021

O FILHO DA VIÚVA DE NAIM

 O FILHO DA VIÚVA DE NAIM

 Ele foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus discípulos e numerosa multidão caminhavam com ele. Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto filho único de mãe, viúva, e grande multidão da cidade estava com ela.

O Senhor ao vê-la ficou comovido, e disse-lhe:

Não chores! - Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam.  Disse ele então: Jovem, eu te ordeno levanta-te! E o morto sentou-se, e Jesus o entregou à sua mãe.

Todos ficaram com muito medo e glorificaram a Deus dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós, e Deus visitou o seu povo. E essa notícia difundiu-se pela Judeia inteira e por toda redondeza. (S. Lucas, 7:11,17).

 

O fato da volta à vida corporal, de um indivíduo realmente morto, seria contrário às leis da natureza, e, por conseguinte, miraculoso. Ora, não é necessário recorrer a esta ordem de fatos para explicar as ressurreições operadas pelo Cristo.

Se, entre nós, as aparências enganam por vezes os profissionais, os acidentes dessa natureza deviam ser bem mais frequentes num país onde não se tomasse nenhuma precaução, e onde o sepultamento fosse imediato.  Há, pois, toda a probabilidade de que, nos dois exemplos (filho da viúva e filha de Jairo, como lazaro) houve apenas síncope e catalepsia. Jesus mesmo o diz, positivamente, em relação à filha de Jairo: Esta moça não está morta, ela está apenas adormecida.

Dado o poder fluídico que possuía Jesus, nada há de espantoso que o fluido vivificante, dirigido por uma forte vontade, haja reanimado os sentidos entorpecidos; e mesmo, que o Espírito tenha podido voltar ao corpo quando prestes a deixá-lo; enquanto o liame perispiritual não estivesse definitivamente rompido. Para os homens daquele tempo, que julgavam estar o indivíduo morto, desde que não respirasse mais, houve ressurreição, e isso terão podido afirmar, com toda boa fé; porém, houve na realidade cura, e não ressurreição, na acepção da palavra.
A ressurreição de Lázaro, digam o que disserem, não invalida de modo nenhum esse princípio. Diz-se que ele já estava há quatro dias no sepulcro; mas sabe-se que há letargias que duram oito dias, e mesmo mais. Acrescenta-se que ele cheirava mal o que é um sinal de decomposição. Essa alegação não prova nada, visto que em certos indivíduos há decomposição celular parcial do corpo, mesmo antes da morte, e exalam odor de apodrecimento. A morte não chega senão quando os órgãos essenciais à vida são atacados. E quem podia saber se ele cheirava mal? É sua irmã Marta que o diz; mas como sabia? Lázaro se achava enterrado há quatro dias, ela supunha isso, mas não podia ter certeza.

Uma prova de tal costume de se enterrar logo encontra-se nos Atos dos Apóstolos, cap. V, vers. 5 e seguintes:

"Ananias, tendo ouvido aquelas palavras, caiu e entregou o Espírito; e todos os que disso ouviram falar, foram tomados de grande medo. Logo, alguns jovens vieram buscar o seu corpo, e, tendo-o levado, o enterraram. Decorridas cerca de três horas, sua mulher (Safira), que nada sabia do ocorrido, entrou. _ E Pedro lhe disse..., etc. _ No mesmo momento ela caiu a seus pés e entregou o Espírito. Os jovens, entrando, encontraram-na morta; e levando-a, a enterraram ao pé de seu marido.

O seguinte fato prova que a decomposição algumas vezes se antecipa à morte. No convento do Bom Pastor, fundado em Toulon pelo abade Marin, capelão dos cárceres, para as decaídas arrependidas, encontrou-se uma jovem que suportava os maiores sofrimentos com a calma e a impassibilidade de uma vítima expiatória. No meio das dores, ela parecia sorrir a uma visão celeste; como Santa Teresa, pedia maiores sofrimentos; sua carne estava em frangalhos; a gangrena lhe devastava os membros; por sábia previdência, os médicos haviam recomendado fazer o sepultamento imediatamente após a morte. Coisa estranha! Logo que ela exalou o último suspiro, todo o processo de decomposição parou; as exalações cadavéricas cessaram; durante trinta e seis horas ela permaneceu exposta às orações e à veneração da comunidade.

FONTE:

Bíblia de Jerusalém

Cursodeevangelho

Ato dos Apóstolos

Carlos T. Pastorino

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