O FILHO DA VIÚVA DE NAIM
O Senhor ao vê-la ficou
comovido, e disse-lhe:
Não chores! - Depois,
aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele então: Jovem, eu te ordeno levanta-te!
E o morto sentou-se, e Jesus o entregou à sua mãe.
Todos ficaram com muito
medo e glorificaram a Deus dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós, e Deus
visitou o seu povo. E essa notícia difundiu-se pela Judeia inteira e por toda
redondeza. (S. Lucas, 7:11,17).
O fato da volta à vida
corporal, de um indivíduo realmente morto, seria contrário às leis da natureza,
e, por conseguinte, miraculoso. Ora, não é necessário recorrer a esta ordem de
fatos para explicar as ressurreições operadas pelo Cristo.
Se, entre nós, as
aparências enganam por vezes os profissionais, os acidentes dessa natureza
deviam ser bem mais frequentes num país onde não se tomasse nenhuma precaução,
e onde o sepultamento fosse imediato.
Há, pois, toda a probabilidade de que, nos dois exemplos (filho da viúva
e filha de Jairo, como lazaro) houve apenas síncope e catalepsia. Jesus mesmo o
diz, positivamente, em relação à filha de Jairo: Esta moça não está morta, ela está
apenas adormecida.
Dado o poder fluídico que
possuía Jesus, nada há de espantoso que o fluido vivificante, dirigido por uma
forte vontade, haja reanimado os sentidos entorpecidos; e mesmo, que o Espírito
tenha podido voltar ao corpo quando prestes a deixá-lo; enquanto o liame
perispiritual não estivesse definitivamente rompido. Para os homens daquele
tempo, que julgavam estar o indivíduo morto, desde que não respirasse mais,
houve ressurreição, e isso terão podido afirmar, com toda boa fé; porém, houve
na realidade cura, e não ressurreição, na acepção da palavra.
A ressurreição de Lázaro, digam o que disserem, não invalida de modo nenhum
esse princípio. Diz-se que ele já estava há quatro dias no sepulcro; mas
sabe-se que há letargias que duram oito dias, e mesmo mais. Acrescenta-se que
ele cheirava mal o que é um sinal de decomposição. Essa alegação não prova
nada, visto que em certos indivíduos há decomposição celular parcial do corpo,
mesmo antes da morte, e exalam odor de apodrecimento. A morte não chega senão
quando os órgãos essenciais à vida são atacados. E quem podia saber se ele
cheirava mal? É sua irmã Marta que o diz; mas como sabia? Lázaro se achava
enterrado há quatro dias, ela supunha isso, mas não podia ter certeza.
Uma prova de tal costume de
se enterrar logo encontra-se nos Atos dos Apóstolos, cap. V, vers. 5 e
seguintes:
"Ananias, tendo
ouvido aquelas palavras, caiu e entregou o Espírito; e todos os que disso
ouviram falar, foram tomados de grande medo. Logo, alguns jovens vieram buscar
o seu corpo, e, tendo-o levado, o enterraram. Decorridas cerca de três horas,
sua mulher (Safira), que nada sabia do ocorrido, entrou. _ E Pedro lhe
disse..., etc. _ No mesmo momento ela caiu a seus pés e entregou o Espírito. Os
jovens, entrando, encontraram-na morta; e levando-a, a enterraram ao pé de seu
marido.
O seguinte fato prova que
a decomposição algumas vezes se antecipa à morte. No convento do Bom Pastor,
fundado em Toulon pelo abade Marin, capelão dos cárceres, para as decaídas
arrependidas, encontrou-se uma jovem que suportava os maiores sofrimentos com a
calma e a impassibilidade de uma vítima expiatória. No meio das dores, ela
parecia sorrir a uma visão celeste; como Santa Teresa, pedia maiores
sofrimentos; sua carne estava em frangalhos; a gangrena lhe devastava os membros;
por sábia previdência, os médicos haviam recomendado fazer o sepultamento
imediatamente após a morte. Coisa estranha! Logo que ela exalou o último
suspiro, todo o processo de decomposição parou; as exalações cadavéricas
cessaram; durante trinta e seis horas ela permaneceu exposta às orações e à
veneração da comunidade.
FONTE:
Bíblia de Jerusalém
Cursodeevangelho
Ato dos Apóstolos
Carlos T. Pastorino
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