quarta-feira, 25 de novembro de 2020

PADRE ALTA

 QUEM FOI O PADRE ALTA

Tendo dito da obra o que se nos afigurou necessário e conveniente e o que nos foi possível para, de antemão, lhe realçarmos a importância e o valor, aos olhos dos que dela venham a inteirar-se pela sua tradução no nosso idioma, não houvéramos, contudo, realizado o nosso empenho, se não ensejássemos aos leitores saber algo do Autor, a cuja destacada personalidade fizemos, em começo, as referências que nos pareceram justas e merecidas.

Tomando a única direção que se nos deparava como capaz de levar-nos à obtenção de alguns dados exatos acerca do Padre Alta, mais uma vez recorremos à bondade sempre solicita com que o nosso ilustre confrade Gabriel Gobron costuma atender ao que lhe é pedido em nome da Federação, que se desvanece da estima e do apreço em que ele a tem.

Respondendo-nos, declarou esse eminente amigo ser muito difícil conseguirem-se informações copiosas e precisas a respeito de Alta, porquanto, desde que passara a residir em Paris, teve uma vida de beneditino completamente apagada, parecendo que o título, que possuía, de "doutor da Sorbonne", não lhe fora conferido a termo de curso ali feito, mas em virtude da apresentação ou publicação de algum dos seus mais notáveis trabalhos.

Adiantou-nos, porém, que nos seus últimos anos de existência, que se findou há quatro ou cinco, o ilustrado sacerdote estava quase inteiramente cego, como o verificou Luís Traffeli, professor em Roma, quando, visitando-o em Paris, teria, por essa razão, deixado de lhe oferecer as obras de sua autoria, entre outras a que tem por título: "Nous, Citoyens du Royaume de Satan", ("Nós, Cidadãos do Reino de Satanás").

 

Informou-nos mais Gobron, com relação às obras do Padre Alta, que elas constam, na sua maioria, de "novas traduções" feitas sobre os textos originais e com aproveitamento das descobertas da exegese e da linguística moderna, adiantando: Na sua tradução de S. Paulo, este esposa a doutrina da reencarnação, o que, aliás, os ingleses mostram por outra maneira, estabelecendo que as palavras eterno e eternidade não existem na Bíblia.

Ainda segundo o mesmo ilustre informante nosso, "Plotino" foi a última obra que Alta traduziu, consumindo muitos anos nesse considerável trabalho.

 Disse-nos assim o nosso eminente amigo o que sabia do autor de "O Cristianismo do Cristo e o dos Seus Vigários", mas, interessado, como sempre se revela, em satisfazer, de modo tão completo quanto possível, ao que lhe solicita a Federação, pelo que já se há constituído credor de todo o nosso reconhecimento, lembrou-se de recorrer a uma pessoa que conhecera de perto o Padre Alta,  Mlle. Brasseaud, residente em Rochefort, onde dirige a publicação de uma revista intitulada "Anais do Espiritismo", o que denuncia a natureza de suas crenças atuais.

Em resposta a Gobron, escreveu ela longa carta, com boa cópia das informações que desejávamos e cujos tópicos principais passamos a transcrever:

"De acordo com seus desejos e, sobretudo, com as minhas possibilidades, porquanto, tendo muito defeituosa a vista, me acho impossibilitada de fazer bem qualquer trabalho de escrita, vou, para lhe ser agradável e mau grado à minha incapacidade, tentar reviver a lembrança que me prende ao Padre Alta, cujo verdadeiro nome é Mélinge e que nasceu em Saintonge.

"Nomeado pelo seu bispo, foi, durante algum tempo, capelão de um pensionato de moças, em Rochefort. Pouco mais tarde, deram-lhe também o serviço religioso de outra capela denominada "Bon Secours", onde alcançou os mais brilhantes êxitos oratórios.

"Nessa época, isto é, por volta de 1884, a nossa cidade de Rochefort era um porto de mar muito atraente. Frequentavam-no, em grande número, oficiais de Marinha, doutores e outras muitas pessoas de destaque. Tínhamos, pois, ali, constantemente, um escol de intelectuais espiritualistas, constituído de homens de valor, que acorriam a ouvir, com grande satisfação, o Padre Alta. As fisionomias se tornavam radiantes, nos que o escutavam a discorrer sobre as mais sérias questões, sobre as mais graves mesmo, poderia eu dizer, porquanto muitas vezes lhe acontecia demolir de um só golpe os velhos prejuízos católicos, mostrando a inanidade dos dogmas e profligando, em linguagem sóbria, mas severa, o proceder dos exploradores da credulidade humana. "Eu assistia a essas conferencias e procurava sempre, à saída do templo, colher as reflexões que muitos externavam e que eram, acredite, invariavelmente favoráveis ao orador.              

 "O mesmo, porém, não se dava nas outras paróquias da cidade, onde os devotos e os curas bradavam: escândalo! Anátema!

"Entrementes, um desses curas, mais atilado do que os colegas e cuidando; especialmente, dos seus interesses, pediu a Alta que fosse pregar na sua igreja paroquial. Isto deve ter ocorrido em 1887 ou 1888. Ele aceitou e ninguém pode imaginar que multidão o foi ouvir. Havia gente a se comprimir por toda parte, até nos recintos batismais e nos parapeitos das grandes janelas. Nunca em minha vida observei tão grande afluência de povo.

 

"Mas, alguns adversários seus, provavelmente padres também, escreveram ao bispo, pedindo pusesse termo às prédicas de Alta, que resistiu e continuou, pouco tendo faltado para que os aplausos que lhe dispensavam se transformassem em aclamações. Sentia ele, no entanto, e me disse que em breve estaria proscrito.

"Efetivamente, foi o que, afinal, sucedeu, após inúmeros vexames e injustiças. O bispo veio aqui a Rochefort e, na paróquia principal, diante do arcipreste (título dos vigários de certas igrejas, que lhes confere preeminência sobre os outros vigários) e de outros eclesiásticos, o intimou a deixar imediatamente a sua capelania (assistência religiosa e social) e o mandou para a campanha.

"Ele a princípio se negou a obedecer, protestando que não estava a pregar o erro, pois que se apoiava sempre em textos sagrados, tomados ao grego e ao hebreu, línguas que conhecia a fundo. Não se importou com isso o bispo. Por fim, disse ele ao prelado: Irei, mas depois de obter as satisfações que me prometeis.

"Um ano depois, abandonava a diocese, indo para Paris, onde, passado algum tempo, foi nomeado capelão da Casa da Legião de Honra de Ecouen (Instituição fundada por Napoleão, para asilo dos órfãos de oficiais pobres. É um estabelecimento de educação, a 20 ou 25 quilômetros de Paris). Também daí teve de retirar-se, em consequência de excesso de preconceitos, da parte da respectiva diretoria, que não o compreendera. Para reconfortá-lo, ficavam-lhe apenas seus livros e o estudo.

"Eis aí o que sei desse homem todo bondade e tolerância levadas ao extremo. Era exclusivamente com bondade e tolerância que respondia à injustiça e a felonia e Deus sabe quanto o fez sofrer a crítica mentirosa que o alvejava.

"Todavia, não devemos querer mal aos que, com relação a ele, não tiveram o senso da Verdade e da Realidade. Devemos, ao contrário, perdoar-lhes. Que bela natureza a sua! Sempre pronto ao perdão e tão simples no viver! 

"Desde o dia em que saiu de Ecouen, cessaram as nossas relações, que não procurei manter, temendo aborrecê-lo, informei-me, porém, e vim a saber que ele vivia muito precariamente, quase que só das generosidades de um amigo que lhe provia às necessidades mais prementes.

"Nunca foi ambicioso, do ponto de vista terreno. Sua única ambição era o estudo. Aprender constantemente, dizia, porque nada mais somos do que grandes ignorantes.

"É natural perguntem, como se explica que uma inteligência medíocre, qual a minha, haja podido aproximar-se daquele gênio. Nada mais vejo, nesse fato, do que um desígnio da Providência, de quem bendigo por me haver conduzido até junto de tão nobre inteligência.

"Este o breve apanhado que posso apresentar acerca da personalidade do Padre Alta. Não sei se satisfará...

"Admiro os espíritas brasileiros pela sua fé esclarecida e pela estima que votam a essa grande alma que foi o Padre Alta.

Queira perdoar a incorreção desta carta, que escrevi mecanicamente, mal enxergando as letras ao traçá-las e sem poder reler o que escrevo. Minha vista se enfraquece cada vez mais. Queira também apresentar as minhas felicitações e saudações fraternais aos nossos irmãos do Brasil. ”

Embora deficiente como retrato biográfico, a carta que se acaba de ler contém informações bastantes para que, diante da excelente obra que é "O Cristianismo do Cristo e o dos Seus Vigários" e depois de colhidos os valiosos ensinamentos que ela encerra em profusão, não nos achamos sem poder avaliar a elevação espiritual e intelectual do seu autor que, por dar desassombrado e eloquente testemunho da Verdade, incorreu nas iras do sectarismo sempre implacável e mereceu ser proscrito do seio dos que a abominam, por amor do erro com que alimentam suas almas e pretendem que todas as outras se alimentem. A essa proscrição, juntando mais uma prova da sua firmeza de ânimo e da inquebrantabilidade da sua têmpera de lutador que não cedia às arremetidas contra as suas convicções sinceras, alude ele próprio, dizendo num dos derradeiros períodos do seu admirável trabalho de sustentação e defesa do vero Cristianismo:

 

"Passou, felizmente! O tempo em que o Santo Padre Inocêncio XI podia reduzir à fome o douto Baluze, para impedi-lo de dar à publicidade os verdadeiros textos dos Concílios e dos Pais da Igreja, alterados em Roma, a favor da autocracia pontifical. Já não podeis fazer mais do que adornar com o cognome de "modernista" e privar amavelmente das suas funções eclesiásticas o padre que teve a audácia de verificar por si mesmo o ensino dos teólogos romanos e que se julga obrigado, em consciência, a expor o resultado de suas verificações, resultado que conduziria, não, certamente, à supressão, mas a uma modificação séria da Igreja ensinadora, para pô-la de acordo com os reclamos da verdadeira ciência e do verdadeiro Cristianismo."

Com este tópico que, além de comprovar a proscrição a que nos referimos, revela claramente o espírito com que foi concebida e executada a presente obra, bem como dos altos fins que com ela colimou o Autor, fins, que, quase poderíamos dizer, se identificam aos do Espiritismo, encerramos estas páginas prefaciais, juntando-lhes apenas os mais vivos e sinceros agradecimentos aos bondosos irmãos e confrades G. Gobron e J. Brasseaud, que tão eficientemente nos ajudaram a escrevê-las, o que fizemos sem preocupações literárias, mas tão só com a de também servirmos à Verdade, na medida dos nossos parcos recursos intelectuais.

FONTE:

Padre Mélinge usando o pseudônimo de PADRE ALTA

Sermões, conferencia ou palestra como deseja

OS DOIS CRUCIFICADOS

 

 

OS DOIS CRUCIFICADOS

 

"Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram a ele, e também aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda." (Lucas, XXIII, 33-“chegando ao lugar chamado caveira, lá o crucificaram bem como aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: Pai perdoa-lhes; não sabem o que fazem. Depois repartindo suas vestes, sorteavam-nas.)

"Um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava contra ele dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também! Mas o outro, repreendendo-o disse: Nem ao menos temes a Deus, estando debaixo da mesma condenação? Nós certamente com justiça, porque recebemos o castigo que merecem os nossos atos; mas este nenhum mal fez. E disse: Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. Ele lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas, XXIII, 39-43-“um dos malfeitores suspenso à crua o insultava dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós. Mas o outro tomando a palavra repreendia-o. nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a nós é de justiça, pagamos por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal. E acrescentou. Jesus lembra-te de mim quando vieres com teu reino. Ele respondeu: em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso”)

"Com ele crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à sua esquerda. Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Oh! Tu que destróis o santuário e o reedificas em três dias, desce da cruz e salva-te a ti mesmo! Do mesmo modo os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo-o entre si diziam: Ele salvou aos outros, a si mesmo não pode salvar; desça agora da cruz o Cristo, o Rei de Israel, para que vejamos e creiamos. Também os que foram crucificados com ele dirigiam-lhe impropérios." (Marcos, XV, 27-32 –“com ele crucificaram dois ladrões um à sua direita, o outro a esquerda “e cumpriu-se a escritura que diz: e ele foi contado entre os malfeitores -. Os transeuntes injuriavam-no, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que destrói o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo, descendo da cruz. Do mesmo modo também os chefes dos sacerdotes, caçoando dele entre si e os escribas diziam: a outros salvou, a si mesmo não pode salvar! O Messias... o rei de Israel, que desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos! E até os que haviam sido sacrificados com ele o ultrajavam”.)

"Então foram crucificados com ele dois salteadores, um à sua direita, outro à sua esquerda. E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Oh! Tu que destróis o santuário e o reedificas em três dias, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus desce da cruz; do mesmo modo os principais sacerdotes com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: ele salvou aos outros, a si mesmo não pode salvar; Rei de Israel é ele! Pois desça agora da cruz e creremos nele. Confia em Deus? Deus que o livre agora, se lhe quer bem; pois disse: Sou Filho de Deus. Também os salteadores que foram crucificados com ele, dirigiam-lhe os mesmos impropérios." (Mateus, XXVII, 38-44-“este é Jesus o rei dos judeus!. Com ele foram crucificados dois ladrões, um à direita, outro à esquerda. Os transeuntes injuriavam-no meneando a cabeça e dizendo. Tu que destrói o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo, se és filho de Deus e desce da cruz! Do mesmo modo também os chefes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos caçoavam dele: a outros salvou a si mesmo não pode salvar! Rei de Israel que é que desça agora da cruz e creremos nele! Confiou em Deus: pois que o livre agora se é que se interessa por ele! Já que ele disse eu sou filho de Deus. E até os ladrões que foram crucificados, junto com ele, o insultavam”.)

"... onde o crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio." (João, XIV, 18-não vos deixarei órfãos. Du virei a vós –“não se trata da volta do Cristo tal qual era concebida, e infelizmente ainda o é por alguns segmentos religiosos, mas da presença puramente spiritual do Cristo sabedoria em companhia do Pai-“”.)

"... pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e que fossem eles dali retirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que fora com ele crucificado; chegando, porém, a Jesus, como o vissem morto; não lhe quebraram as pernas...". (João, XIX, 31-32-0”como era a preparação, os judeus, para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado, - porque esse sábado era grande dia! – pediram a Pilatos que lhe quebrassem as pernas e fossem retirados., vieram então os soldados e quebraram as pernas do primeiro e depois dom outro, que fora crucificado com ele. Chegando a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas...”.)

A crucificação é o mais antigo de todos os suplícios, inventado para dar a morte com dores atrozes e demorados sofrimentos. Essa tortura veio do Oriente.

O suplício da cruz não apareceu completo, como geralmente se julga, mas foi sendo aperfeiçoado aos poucos.

No princípio consistia num simples poste de madeira enterrado, no qual o condenado era preso com cravas e cordas. Às vezes o poste era substituído por qualquer arvore: o criminoso era ligado ao tronco com cravos, tendo os braços estendidos sobre os ramos. Mais tarde apareceu a cruz em forma de T, depois de X (Cruz de S. André), de Y, e, por fim, aquela que serviu para crucificar a Jesus, havendo outros tipos.

Os romanos puniam com o suplício da cruz os escravos, os ladrões, os assassinos. Os condenados eram primeiramente açoitados com correias e arrastados pelas ruas.

Este suplício bárbaro não tardou a ser imitado pelos judeus, sofrendo, entretanto, algumas modificações. Os romanos mantinham os corpos três dias na cruz, ao passo que os judeus crucificavam e de tal modo torturavam a vítima, que a morte não se fazia demorar. Tiravam-na depois da cruz, quebravam-lhe as pernas e os enterravam.

A transcrição dos trechos evangélicos dá bem uma ideia do suplício da crucificação.

Vê-se que os dois condenados que foram crucificados com Jesus tiveram as pernas quebradas; contudo, não aplicaram o mesmo processo a Jesus, por haverem constatado a sua morte, cumprindo-se a profecia: "Nenhum dos seus ossos será quebrado."

O mundo de então era uma barbaridade. Punia-se um crime com um crime maior; não se educava o delinquente, não o corrigiam, mas o condenavam. E a pena era: tortura, suplício, morte!

A ideia que os donos do poder faziam da morte, pela legislação antiga, era a extinção da alma ou a sua deportação para o Inferno.

A teoria da "vida única", tal como a concebiam os doutores da Lei, os governadores e os sacerdotes, não podia mesmo estabelecer diferença entre um assassino e um ladrão. Os que acreditavam na imortalidade tinham desse princípio uma noção muito vaga, aliando-a à ideia do juízo final e à da ressurreição da carne, tal como a concebem atualmente os católicos romanos e os protestantes, o que também é um absurdo pois se o corpo é inumado (enterrado) ou cremado e vira pós, não há como existir ressurreição, mas justifica-se claramente a reencarnação em outra vida com outro corpo.

Jesus veio destruir todos esses dogmas e crenças hereditárias, demonstrando o que é, verdadeiramente, a morte, erguendo sobre o princípio da imortalidade a Religião do Perdão e do Amor.

As passagens dos Evangelhos aqui referidas nos apresentam um quadro bem contristador: dois condenados, por terem praticado delitos não especificados, pendurados também no madeiro infamante ao lado do meigo Nazareno - um à direita, outro à esquerda. Diz Lucas que eram dois malfeitores; Marcos e Mateus dizem que eram dois salteadores; João limitou-se a dizer que eram dois indivíduos.

Os Evangelhos, mesmo os chamados Sinóticos, não estão de acordo quanto à narração que fazem dos dois crucificados e da sua atitude para com Jesus, Marcos e Mateus afirmam que eles zombavam e blasfemavam contra o Senhor; Lucas diz que só um deles dirigiu uma frase a Jesus: "Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também." João faz ligeira referência aos dois condenados, limitando-se a dizer que "onde crucificaram a Jesus, também crucificaram com ele outros dois".

Um trecho do capítulo de Lucas é muito aproveitado pelos pastores protestantes e padres romanos para fazerem prevalecer as suas doutrinas de conversão à hora da morte.

E a passagem chamada do bom ladrão, que dissera a Jesus: "lembra-te de mim quando entrares no teu reino" e obteve a resposta:

"Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso."

Esta promessa não significa mais que o conhecimento de situação que Jesus daria àquele infeliz, após a sua passagem para a outra vida.

O Paraíso não é num lugar determinado, numa estância escolhida, nem, tampouco, a sede da suprema bem-aventurança. O mundo espiritual é o Paraíso, e o espírito, para vê-lo tal como é, precisa ter conhecimento do seu Estado de desencarnação. Esse conhecimento, Jesus o prometeu ao "bom ladrão", respondendo à súplica que ele lhe fez.

E, pelos Evangelhos, vemos claramente que o próprio Jesus não foi para Paraíso algum.

Em seguida à sua morte Ele ressuscitou e ficou mesmo na Terra, por espaço de 40 dias, aparecendo a uns e outros, como dizem as Escrituras e como também o pregam o Catolicismo e o Protestantismo.

A expressão: "Hoje estarás comigo no Paraíso", não quer dizer outra coisa senão: hoje conhecerás a imortalidade, conhecerás a tua situação futura e verás o Mundo Espiritual, no qual te acharás.

Entretanto essa promessa não se estende à plenitude de felicidade que o "bom ladrão" iria fruir ao lado de Jesus. O conhecimento do estado e do meio em que nos achamos é muita coisa, mas não é felicidade completa, não é gozo. É uma condição preparatória para a obtenção da felicidade real, mas não é o alcance da mesma, que só se pode conquistar mediante a reparação das faltas e a aquisição de sabedoria e virtudes que testemunhem o nosso mérito.

Se o ingresso para o "Paraíso" se obtivesse com a conversão à hora da morte, após uma vida de desorientação e de desleixo em que só se realçam as paixões más, vamos concordar em que a virtude seria letra morta e a sabedoria não teria sanção nos conselhos eternos.

Não viemos a este mundo para pagar pecados de quem quer que seja, nem para arrepender-nos de coisa nenhuma, mas, sim, para progredir na prática do Bem e conquistar o Saber.

Os dois crucificados, tanto o "bom" como o "mau" ladrão, hão de chegar à perfeição por séries de virtudes, pelos esforços congregados em múltiplas existências, porque "ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo".

FONTE:

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

DUPLO ETERICO

 DUPLO ETERICO

Tudo indica, a propósito, que a carga de energia vital contida no duplo eterico condiciona, basicamente, a maior ou menor longevidade do ser humano, ainda que não possam deixar de ser considerados fatores como a hereditariedade, as diminutas, mas efetivas reposições de energia via respiração e alimentação, e outros que possam, eventualmente, compor o esquema cármico de cada reencarnação.

E como a energia vital ("neuropsíquica") que o duplo eterico retém e distribui a todas as células, pela ação dos centros vitais, parece guardar relação com o ectoplasma, pode-se afirmar que a predisposição maior ou menor ao fornecimento deste, para a produção dos diversos efeitos de cura ou, simplesmente, demonstrativos da sobrevivência espiritual, diz com a própria quantidade de energia armazenada pelo duplo eterico.

"É bem possível" - escreve Jorge ANDRÉA - "que esse campo energético forneça boa parte do ectoplasma, substância que se completaria com outros elementos da organização física, principalmente o trifosfato de adenosina (ATP) resultante do ciclo bioquímico específico de Krebs. É preciso que se diga que o ectoplasma, para completar a sua estruturação, necessita arrecadar substâncias nos reinos da natureza (mineral, vegetal e animal)".

Entende-se, então, que os médiuns curadores, em geral, e os aptos à produção de fenômenos ectoplásmicos particularmente ostensivos, já trazem, em seu duplo eterico, reserva maior de energia.

E se compreende, também, como uma vida na carne pode, eventualmente, ser prolongada, como mostram inúmeros relatos, bem conhecidos, aliás, dos espíritas brasileiros. Em caso de necessidade de prolongamento da vida física, por razões especiais, avaliadas pelos Espíritos Superiores, surge o revigoramento fisiológico, graças a uma suplementação de recursos no duplo eterico da pessoa contemplada com tal benefício. E isso acontece, pelo aproveitamento do ectoplasma fornecido pelas diversas fontes, devidamente preparado pelos Espíritos responsáveis, para que, por processo dos mais complexos, possa servir de eficiente suprimento vital.

Uma estreita relação existe, pois, entre o duplo eterico e o corpo denso. A deficiência de energia em um, repercute diretamente no outro, com nítida queda de vitalidade. E, ao contrário, o revigoramento do primeiro resulta na revitalização do segundo.

O duplo eterico ainda deve ser melhor estudado, mas há evidências de que sua ação pode ser muito mais ampla do que hoje se admite. Por exemplo, já por constituir, basicamente, um aglomerado de energia neuropsíquica, no dizer de ANDRÉ LUIZ, tudo indica que seja de fundamental importância o seu papel nos fenômenos de exteriorização da sensibilidade, como agente condutor de estímulos em direção ao sistema nervoso.

Nessa linha, pode também ser lembrado o fenômeno da insensibilização causada pelos anestésicos químicos ou provocada por meios outros, como os empregados nas cirurgias espirituais, na acupuntura e nos próprios processos hipnóticos.

A insensibilidade resultaria de um bloqueio induzido fisicamente, parcial ou não, localizado ou não, na passagem da energia do duplo eterico para o corpo, com a possibilidade, inclusive, de um afrouxamento dos próprios liames perispiríticos, que, no caso de anestesia geral, poderia até favorecer o seu desprendimento.

Um outro efeito que mostraria bem a relação corpo – duplo eterico é o que se verifica em casos de materialização completa, quando, por exemplo, qualquer agressão ao corpo materializado repercute imediatamente no corpo denso do médium, chegando, às vezes, a produzir ferimentos ou marcas dolorosas. Nesses fenômenos de repercussão, o fluxo do ectoplasma, do duplo eterico do médium ao psicossoma do Espírito em materialização, revestindo-o e possibilitando-lhe expressão física, pode também, servir de via aos estímulos oriundos de eventuais ofensas à forma

materializada, produzindo os efeitos citados no corpo do médium que, de resto, a energia vital que sustenta o universo celular é a que também diz com o ectoplasma.

Esses efeitos, aliás, lembram os fenômenos de estigmatização, em que o duplo eterico do médium é influenciado por tais ações mentais que a fisiologia se altera, tecidos podem se romper, feridas aparecer e o sangue fluir, para, passado o momento de influenciação, restabelecer-se o estado de normalidade anátomo-fisiológica, com o pleno equilíbrio períspirito - duplo eterico - corpo.

Em verdade, praticamente todos os chamados efeitos físicos, magnificamente definidos no sistema kardeciano, por dependerem, basicamente, do ectoplasma, guardam relação com o duplo eterico, cujas propriedades e funções são ainda muito pouco conhecidas.

O duplo eterico - também denominado campo ou corpo vital, corpo ou campo eterico, corpo ou duplo etéreo, biossoma, corpo ódico, corpo bioplásmico, etc. - é conhecido desde épocas remotas (os hindus já o designavam como prânamâyakosha, veículo de prana), passando a ser, desde o início do século, alvo da atenção de renomados cientistas europeus.

Entre os autores, em geral, as informações ou estudos a respeito têm sido escassos - ainda que, nos últimos tempos, tenham surgido, em maior número, títulos que tratam do tema.

Mas, já por falta de maiores informações mediúnicas – e os Espíritos, obviamente, sabem das razões -, já por se tratar de assunto em plena investigação, a verdade é que, a rigor, ainda não se estabeleceu concordância desejável em torno de matéria tão importante como essa.

Os clássicos, em grande parte, ativeram-se a uma conceituação ampla do períspirito, usando, inclusive, às vezes, a expressão “duplo etéreo", para designar o corpo espiritual.

Nos tempos atuais, entre os espíritas, começou-se a prestar mais atenção à existência de tal estrutura, principalmente depois que o Espírito ANDRÉ LUIZ, pela mediunidade de Francisco Cândido XAVIER, trouxe notícias a respeito.

Deveras, em comentário acerca de um trabalho mediúnico, o assunto foi assim enfocado pelo notável Instrutor Espiritual: "Com o auxílio do Supervisor, o médium foi convenientemente exteriorizado. A princípio, seu períspirito ou 'corpo astral' estava revestido com os eflúvios vitais que asseguram o equilíbrio entre a alma e o corpo de carne, conhecidos aqueles, em seu conjunto, como sendo o 'duplo eterico', formado por emanações neuropsíquicas que pertencem ao campo fisiológico e que, por isso mesmo, não conseguem maior afastamento da organização terrestre, destinando-se à desintegração, tanto quanto ocorre ao instrumento carnal, por ocasião da morte renovadora.

Em outro local, o celebrado Autor espiritual, ao tratar da importância da epífise, ensina: "Segregando delicadas energias psíquicas, a glândula pineal conserva ascendência em todo o sistema endocrínico.

Ligada à mente, através de princípios eletromagnéticos do campo vital, que a ciência comum ainda não pode identificar, comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade. "(Idem.

Essas e outras informações têm atraído, cada vez mais, o interesse dos estudiosos para as memoráveis investigações realizadas pelos metapsiquistas europeus, nas primeiras décadas do século.

Com efeito, Albert de ROCHAS, antigo diretor da Escola Politécnica de Paris e o grande pioneiro da Metapsíquica experimental, Hector DURVILLE, Hyppolite BARADUC, destacado estudioso da força vital e da fotografia das formas-pensamentos, construtor do revolucionário Biômetro de Baraduc, para o registro das emanações energéticas do corpo humano, L. LEFRANC, Charles LANCELIN, Charles RICHET, Gustave GELEY, Ernesto BOZZANO e outros destacados homens de ciência, com suas pesquisas e obras, dando passos gigantescos para o seu tempo, contribuíram notavelmente para o conhecimento da natureza espiritual do homem.

FONTE:

PERÍSPIRITO ZILMANO ZILMERMMAN

Jorge ANDRÉA. "Correlações Espírito-Matéria

Francisco Cândido XAVIER. ANDRÉLUIZ, Espírito. "Nos Domínios da Mediunidade

"Missionários da Luz".

 

PONTE MÍLVIA

 

BATALHA DA PONTE MÍLVIA 

 

28 de outubro de 312: Trava-se a Batalha da Ponte Mílvio

No início do sec. IV, vários rivais competiam e combatiam pelo controlo do império romano. Dois dos mais poderosos eram Constantino (Flavius Valerius Constantinus), também conhecido como Constantino Magno ou Constantino, o Grande, que tinha dominado a Gália, a Britânia, e a Germânia, e seu cunhado Magêncio (Marcus Aurelius Valerius Maxencius Augustus), que se tinha autoproclamado imperador e que dominava a Itália, a Hispânia e a África.

Em 310, Constantino conquistou a Hispânia e decidido a apoderar-se de todos os territórios de Magêncio desce em 312 até à Itália a fim de eliminar seu cunhado e fazer-se proclamar imperador em Roma. Instala-se em Mediolano (Milão) até meio do Verão desse ano, prosseguindo depois a campanha.

Esperava-se que Magêncio tentasse a mesma estratégia que aplicara antes contra os seus inimigos, Severo e Galério, ou seja, protegido na bem-defendida cidade de Roma, e esperar que os recursos dos inimigos se esvaíssem num cerco caro e perigoso. Por razões pouco claras, resolveu enfrentar Constantino a 28 de outubro de 312, numa das pontes que atravessavam o Rio Tibre, em Roma. Possivelmente, após ter consultado os seus adivinhos e pitonisas, estes devem ter aconselhado que o dia 28 de outubro (o seu dies imperii, o dia da sua ascensão ao trono a 28 de outubro de 306), seria o mais indicado para a batalha.

Segundo os cronistas cristãos do sec. IV, na véspera do combate, às 12h00, Constantino viu suspensa nos céus, uma cruz luminosa, mais brilhante que o Sol, com as palavras In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás!). Eusébio de Cesárea, na sua “Vida de Constantino” descreve o sinal como Chi (Χ) atravessado por RÕ (Ρ) ou , um símbolo representando as primeiras duas letras da grafia grega da palavra Cristo (Christos). Interpretando esta visão como uma mensagem direta de Deus, mandou colocar o sinal no estandarte imperial assim como nos escudos dos seus soldados.

No dia seguinte os dois adversários defrontaram-se na Ponte Mílvio ou Milvia, onde as tropas de Constantino obtiveram uma vitória decisiva; Magêncio e a maioria de seu exército morreram afogados no Tibre quando, ao fugir do campo de batalha uma ponte flutuante ruiu sob os seus pés.

Com aquelas armaduras que pesavam cerca de 30 quilos e pessoas que não sabiam nadar.

O primeiro resultado desta batalha foi a reunificação do império romano sob um único governante (após a derrota de um outro César regional, Licínio, em 324). No entanto, a consequência de longe a mais duradoura foi a conversão de Constantino ao Cristianismo (na verdade Constantino morreu pagão apesar de decretar o cristianismo como religião oficial). No ano seguinte ao da batalha, ele e Licínio promulgaram o Édito de Milão, confirmando o Cristianismo por todo o Império.

Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino, o facto é que ele educou os seus filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença institucional no Estado Romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local, a episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um processo como tribunal arbitral em lugar do tribunal da cidade).

O imperador romano Constantino influenciou em grande parte a inclusão na igreja cristã de dogmas baseados em tradições. Uma das mais conhecidas foi o Édito de Constantino. Promulgado em 321, que determinou oficialmente o domingo como dia de repouso, com exceção dos lavradores, — medida tomada por Constantino utilizando-se da sua prerrogativa de, como Sumo Pontífice, fixar o calendário das festas religiosas, dos dias fastos e nefastos (o trabalho sendo proibido durante estes últimos). Note-se que o domingo foi escolhido como dia de repouso, não apenas em função da tradição sabática judaico-cristã, como também por ser o "dia do Sol" (Sunday em inglês) — uma reminiscência do culto do Sol Invicto de que o imperador era adepto. Aboliu também a crucificação como forma de castigo, devido ao seu significado simbólico e quando partia para a guerra, fazia-se acompanhar de um altar portátil.

Foi em grande parte devido aos esforços de Constantino que o mundo ocidental se converteu ao Cristianismo. Curiosamente, o Imperador só aceitou receber o baptismo poucos dias antes de morrer e pelas mãos de um bispo ariano, Eusébio de Nicomédia.

Fontes:

O bau da historia

 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

"ORAR"

 

"ORAR"

Rezar: vem do latim recitare, que também deu em português recitar;
é uma forma de obter para si mesmo e/ou para os outros graças, bens e bênçãos de Deus e a salvação da alma.

Orar: Comunhão ativa com Deus, aprender a falar com Deus

Muitas pessoas só entendem por orar pedir algo a Deus; só se lembram de orar quando estão em apuros, quando as coisas da vida vão mal; mas, quando tudo vai bem, não acham necessário orar. Deus é, para eles, um expediente de última hora, uma espécie de servo às ordens, cuja principal função é atender às necessidades dos homens.

Mas, para homens de experiência profunda, orar não é primariamente pedir algo — é realizar alguém, é auto realização. A função da oração é, para eles, um postulado vital, uma espécie de respiração da alma; eles compreendem a ordem do Mestre: "Orai sempre, e nunca deixeis de orar", como se alguém lhes dissesse: Respirai sempre, e nunca deixeis de respirar, porque sem respiração não podeis viver.

"Orar" é derivado da palavra latina os (genitivo: oris) que quer dizer boca. Orar é abrir a boca. A alma que ora crea uma abertura rumo ao Infinito, porque está com fome e espera receber alimento de Deus.

Rezar, isto é, recitar, consiste em atos intermitentes — ao passo que orar é uma atitude permanente da consciência. E, por ser atitude vital, é compatível com qualquer ocupação exterior "Orar sempre" se refere a uma atitude permanente, a um modo de ser da alma, comparável à atitude de uma planta que volta as folhas ao sol a fim de ser por ele vitalizada.

O principiante necessita de certos lugares e de certas horas para orar, ao passo que o homem de experiência superior vive em oração permanente. E verifica que orar e trabalhar não são duas coisas.

Pelo contrário, ele faz a experiência de que o trabalho exterior é beneficiado pela atitude de oração; as coisas, outrora prosaicas, são aureoladas de um halo de suave poesia, e as ocupações antipáticas se tornam simpáticas.

A vida de Jesus é essencialmente uma vida de oração permanente. A primeira palavra que o Evangelho refere de Jesus, aos doze anos, revela atitude de oração: "Não sabíeis que eu devo estar nas coisas que são de meu Pai?" Essas "coisas do Pai" se referem aos três dias que o menino passou em silêncio e oração.

Uma das últimas palavras de Jesus agonizante é uma oração: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito".

Lucas resume os dezoito anos da adolescência de Jesus, em Nazaré, nesta única frase: "E Jesus foi crescendo em sabedoria e graça perante Deus e os homens". E não terá esse longo período, mais da metade da sua vida terrestre, sido de oração e meditação no meio dos trabalhos?

Antes de iniciar a sua vida pública, retira-se Jesus ao deserto e passa 40 dias em oração.

Durante os três anos da sua vida pública, referem os Evangelhos a cada passo: "Ao pôr do sol retirou-se Jesus a um monte e passou toda a noite em oração com Deus".

A sua transfiguração no Tabor, ocorre durante a oração.

A sua agonia, no Getsêmani, é acompanhada de oração, e ele pede a seus discípulos que orem.

Na santa ceia, o Mestre ora.

Ao subir aos céus, ele dá ordem a seus discípulos que permaneçam em oração constante até que venha sobre eles o espírito da verdade

Orar era, para ele, um estado permanente de consciência cósmica, uma vivência na realidade do Cristo, obliterando quase totalmente a consciência telúrica do seu Jesus humano. No Tabor, durante a oração, a luz intensa do Cristo cósmico lucificou totalmente os invólucros opacos do corpo de Jesus, que se tornaram inteiramente transparentes. É o poder transfigurante da verdadeira oração.

Um dia, os discípulos lhe pediram: "Mestre, ensina-nos a orar, assim como também João ensinou a seus discípulos".

É estranho que os discípulos façam esse pedido, quando o culto religioso de Israel constava principalmente de orações. Evidentemente, os discípulos de Jesus entendem por "orar" algo diferente daquilo que se praticava no Templo e na Sinagoga, antes uma atitude permanente do que atos intermitentes. Por isto, o "Pai Nosso" não é a simples recitação verbal das sete petições dessa oração, mas sim um roteiro espiritual para orientar a alma.

 

A Natureza é um grande livro que Deus desdobrou aos olhos do homem, para que o lesse, interpretasse e compreendesse. No estágio atual da sua evolução, o homem, em geral, considera a Natureza simplesmente como objeto de exploração e proveito individual. O homem espiritualmente adulto, porém, sabe que a Natureza é infinitamente mais do que isto. Sabe que ela é um grande Símbolo, cujo Simbolizado só se desvenda ao homem na razão direta que ele se identifica com o Autor da Natureza.

Para o homem profano, os seres da Natureza são como as letras maiúsculas e minúsculas de um livro aberto ante os olhos de um analfabeto: o que ele vê não passa de um caos de caracteres de formas várias, enigmáticas, sem nexo nem sentido.

O homem espiritual, porém, o verdadeiro iniciado, deixou de ser analfabeto e lê deliciosamente as grandes verdades veiculadas pelas letras, pequenas e grandes, de todos os seres da Natureza; para ele, o mundo deixou de ser opaco e se tornou cristalinamente transparente, e, através dos símbolos materiais, o iniciado percebe espontaneamente o simbolizado espiritual. Para o homem espiritual, a Natureza é um grande devocionário, através do qual ele presta o seu culto a Deus, de mãos dadas com seus irmãos e suas irmãs menores, na linguagem poética e profundamente verdadeira de um dos mais avançados leitores desse grande livro, Francisco de Assis.

Conhece e ama o Deus do mundo— e conhecerás e amarás o mundo de Deus!

FONTE:

Huberto Rodhen

O TEMPO

 

O TEMPO

Esse texto é um texto que Tom Cavalcante gravou em vídeo lendo.

Você na web não encontra o autor, mas indiretamente uma paternidade infinita inclusive alterando o texto a seu belo prazer.

Resolvemos transcrever o texto ipsis litteris como deve ser.

Tom Cavalcante:

Fala minha galera, fala meu pais; tudo bem com você?

Vou ler um texto que não sei o autor, mas ele foi muito feliz ao escrever; eu vou ler aqui para você; quem souber espalha e aí a gente vai descobrir quem foi, ta bom?

Tempo de solidariedade é um tempo em que se está passando mensagem positiva para todos.

Vamos lá

O TEMPO

Há um juiz chamado tempo; coloca tudo em seu lugar, sem exceção; cada rei em seu trono cada palhaço no seu circo e cada fantasma no seu castelo.

Cada um receberá o que semeou. Tudo o que você pensa voltará para você mesmo. Mesmo que em alguns casos tenha a sensação de que isso levará um bom tempo.

No final a verdade prevalece e floresce sobre a lama. Você precisa apenas ter paciência.

Todo nosso ser gera um tipo de linguagem, e isso tem um impacto em todos que nos rodeiam.

Todos somos livres para fazermos o que quisermos, mas ninguém poderá se livrar das consequências futuras, por que, cedo ou tarde, esse juiz, “o TEMPO”, dará razão para os que as têm...

Por isso, faça com que seus atos digam mais do que as suas palavras; que a sua responsabilidade seja um reflexo da sua essência, e  consiga também sempre lutar para, ter bons pensamentos nunca duvide da capacidade do TEMPO de oferecer o que você merece... porque mesmo que não acredite
O TEMPO é um juiz muito sábio! Jamais dará sua sentença de imediato. Mas sempre dará razão à pessoa certa...

o tempo  é tão sábio que não apenas te julgará pelos seus atos, como também te ensinará que a tristeza passa e que nada dura pra sempre
te ensinara que a experiência que você adquire com o passar do TEMPO, te ajuda a amadurecer e crescer...


E mostrará que os amigos de verdade se contam nas linhas das mãos e, dessa forma O TEMPO é professor bem cruel...! Primeiro aplica a prova e depois lhe ensina a lição... o tempo te mostra quem vale e quem não vale a pena quem realmente se importa e quem jamais deixou de se importar; quem acredita em você e quem nunca acreditou.

Valorize, aqueles que permaneceram ao seu lado nas dificuldades porque nos bons momentos, qualquer um pode estar.  Não perca TEMPO correndo atrás de pessoas que não te valorizam; saiba que o tempo acaba um dia; e é um recurso muito valioso; então aproveite a oportunidade que possui sem se importar com quanto quem ela seja, mas não deixe que as oportunidades perdidas te atormentem porque se você semeou o amor            a alegria que é seu caso, o TEMPO já está te proporcionando novas oportunidades. Muitas vezes as coisas não acontecem como nós desejamos, acontecem como o TEMPO deseja....

Valorize o tempo que passa e jamais voltará; o tempo é vida; o tempo põe tudo em seu lugar. Valorize o tempo que jamais voltara, reinvente-se faça acontecer

Um beijo está aí a men

PSICOMETRIA

 

PSICOMETRIA

 

Narram os Atos dos Apóstolos que um homem de nome Ágabo chegou da Judeia e, estando com os seguidores do Cristo, tomou da cinta que pertencia a Paulo de Tarso, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.

A partir dessa profecia, os amigos de Paulo insistiram com ele que não fosse a Jerusalém, pois temiam por sua vida. Ele, apesar disso, subiu a Jerusalém e ali o tribuno Cláudio Lísias o aprisionou na Fortaleza, a fim de salvá-lo da turba agitada.

Tendo-se notícias de um plano para assassinar o Apóstolo, Lísias o transferiu para Cesárea, escoltado por quatrocentos soldados, arqueiros e cavalarianos, entregando-o ao Governador Felix. Cumpria-se a profecia de Ágabo: Paulo foi interrogado e atado com correias pelos gentios.

Esse fenômeno de ler impressões e lembranças ao contato de objetos e documentos foi estudado no século XIX e foi denominado Psicometria. O termo foi criado em 1849 pelo médico norte-americano J. Rhodes Buchanan, que pesquisou e realizou, durante vários anos, uma série de experiências com pacientes sonâmbulos.

Ernesto Bozzano, em seu livro Enigmas da Psicometria, narra mais de duas dezenas de casos impressionantes, demonstrando que o fenômeno ocorre quando se estabelece uma correlação do médium com o dono do objeto que lhe é apresentado. Não é importante que o possuidor esteja encarnado ou desencarnado. Importante que o objeto tenha sido tocado e utilizado pela pessoa, que, então, o impregna com seus fluidos pessoais.

André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, servindo-se da orientação do Espírito instrutor Áulus, define Psicometria como registro, apreciação de atividade intelectual, mas, especificamente, reportando-se aos trabalhos mediúnicos, designa a faculdade de ler impressões e recordações ao contato com objetos comuns. 

Em visita a um museu, os Espíritos André Luiz e Hilário observam que quase todas as preciosidades expostas estavam revestidas de fluidos opacos, que formavam uma massa acinzentada ou pardacenta, na qual transpareciam pontos luminosos, traduzindo as lembranças fortemente impregnadas dos que as haviam possuído.

Bastou a André tocar em um relógio para que se lhe descortinasse à visão mental uma reunião familiar, em que um casal se entretinha a conversar com quatro jovens. O objeto conservava as formas-pensamentos do casal que o adquirira e que, de quando em quando, visitava o museu para a simples alegria de recordar, alimentando, portanto, ainda mais o objeto com as suas vibrações.

Nas palavras de Áulus, o nosso pensamento espalha as nossas próprias emanações em toda parte a que se projeta. Dessa forma, deixamos vestígios espirituais, por onde passamos e tais vestígios podem ser percebidos por Espíritos de acordo com suas possibilidades evolutivas. Em se falando dos encarnados, por médium que detenha a faculdade dessa leitura.

Cada objeto pode, pois, ser um mediador para se entrar em relação com as pessoas que por ele se interessaram e até a registros de fatos da Natureza. De tudo se impregna a matéria inanimada.

Assim como o paleontologista pode reconstituir determinadas peças da fauna pré-histórica por um simples osso encontrado a esmo, é possível, a partir de objetos, se descobrir traços das pessoas que os retiveram ou de fatos de que foram testemunhas. Tudo através das vibrações da energia que eles guardam em si.

Os simples objetos do nosso cotidiano, da cadeira que ocupamos em nosso posto de trabalho aos adornos e a tudo que nos serve no lar, impregnamos com nossas vibrações.

Quem detenha possibilidade de captar tais registros poderá sentir os reflexos do que somos, as marcas de nossa individualidade e poderá se sentir bem ou mal, emocional e momentaneamente, conforme seja o padrão moral dos registros identificados.

Isso explica porque a alguns, figura penoso, comparecer a determinados lugares. Lugares de horror como os campos de concentração, carregados de registros de crueldade e de dor. Ou mesmo a alguns castelos de séculos passados, cenários de tragédias terríveis. Esses, que detêm essa faculdade, essa sensibilidade, registram as presenças espirituais ainda prisioneiras de certos objetos, a guardá-los, como preciosidades de que não se podem desfazer.

E médiuns mais sensíveis, por vezes, guardam dificuldades com o ambiente de alguns hotéis. É Bozzano quem relata o caso da sra. Katherine Bates, autora de livros espiritualistas, que tinha dificuldades com a atmosfera psíquica de certos quartos. Não era incomum ter de deixar um quarto de hotel muito confortável por outro pequeno e escuro, por não suportar a atmosfera mental ou moral gravada no ambiente por qualquer dos ocupantes anteriores.

Por sua vez, o escritor inglês George Gissing, em seu livro Viagens na Itália, relata o caso que lhe aconteceu de Psicometria de ambiente aberto. Estando em Crotona, teve visões históricas que remontavam a mais de dois mil anos. A que mais o impressionou foi a do massacre dos mercenários italianos por Aníbal, saindo de Crotona de retorno a Cartago. Ele desejava que todos eles o acompanhassem à África e, como se recusassem, decretou a carnificina que, nas mínimas particularidades, se desenrolaram aos olhos do escritor.

Daqueles acontecimentos estava impregnada a costa de Crotona, a praia, o promontório. E tudo foi visto, por cerca de uma hora, como se projetado em uma tela viva, vibrante, pelo atônito inglês.

O Drama da Bretanha, romance mediúnico recepcionado por Yvonne do Amaral Pereira, inicialmente do Espírito Roberto de Canalejas e, quarenta anos mais tarde, reconstruído pelo Espírito Charles, relata a história da infeliz Andréa, que dá fim a sua vida, precipitando-se no mar.

O Espírito, aguçando seus sentidos espirituais, revigorados, ademais, pela ação da vontade, presenciou as cenas, compulsando-as na psicosfera ambiente, como registradas em um livro de História, em extraordinária biblioteca, traduzindo-as à pena mediúnica de Yvonne.

E assevera: que isso poderá também ser presenciado pelo leitor na ação da vida espiritual, visto que suas cenas perdurarão por milênios impressas nas vibrações da luz.

 

 

 

 

Agora tente entender como ocorre a faculdade de ler impressões e recordações ao ter contato com objetos comuns.

O termo Psicometria foi criado em 1849 pelo médico norte-americano J. Rhodes Buchanan. Ele pesquisou e realizou durante anos consecutivos uma série de experiências, mas somente depois de algum tempo estudando os efeitos do fluido magnético com pacientes sonâmbulos, que realmente chegou a conclusões precisas. Seu método de estudo consistia em apresentar a estes pacientes objetos pertencentes ao presente ou passado de uma pessoa. Os sonâmbulos passavam a descrever cenas relativas às épocas de existência do objeto e até mesmo o próprio caráter da pessoa a quem pertencia o objeto psicometrado.

Desde então, foram realizados diversos estudos e publicados livros a respeito do fenômeno. Dentro da visão espírita existem muitas obras e autores que abordam o tema, mas há alguns que se destacam.
Na definição do livro Nos domínios da mediunidade de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, Psicometria significa registro, apreciação de atividade intelectual. Entretanto, nos trabalhos mediúnicos, esta palavra designa a faculdade de ler impressões e recordações ao contato com objetos comuns.

Áulus relata que o pensamento espalha suas próprias emanações em toda parte a que se projeta, deixando vestígios espirituais onde são arremessados os raios da mente. Como o animal, que deixa no próprio rastro o odor que lhe é característico, tornando-se, por esse motivo, facilmente abordável pela sensibilidade olfativa do cão.

O orientador prossegue dizendo que as marcas da individualidade de cada um vibram onde se vive e por elas provocam o bem ou o mal naqueles que entram em contato.

A obra Mecanismos da Mediunidade, psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira, também ditada pelo espírito André Luiz, esclarece que a Psicometria é a faculdade de perceber o lado oculto do ambiente e de ler impressões e lembranças ao contato de objetos e documentos. Cita ainda a importância da harmonização entre encarnados e descarnados neste tipo de trabalho, caso contrário pode-se anular a possibilidade de êxito, fugindo aos verdadeiros propósitos.

Acrescenta também que pode ser usada em SOS de desaparecimento de uma pessoa que não deixou pistas. Por intermédio de um objeto pertence à vítima, o médium consegue captar a personalidade e fisionomia do proprietário e reporta-se ao seu desaparecimento, podendo até mesmo descobrir seu desencarne e o local onde seu corpo se encontra. Isso porque os objetos adquirem um fluido pessoal humano.

Como a ciência oficial não acredita nisso milhares de casos ficam sem solução.
AS PESQUISAS DE ERNESTO BOZZANO

Outro importante pesquisador do assunto foi Ernesto Bozzano, estudioso profundo do psiquismo humano, filósofo e grande pensador. No livro Enigmas da Psicometria, de sua autoria, Bozzano aborda experiências e análises sobre diversos casos que utilizaram a Psicometria como recurso. Define que a Psicometria é uma das modalidades da clarividência e que os objetos servem para fornecer pistas ao psicrômetro, sendo que os resultados são alcançados pelas faculdades clarividentes e telepáticas do médium, ultrapassando os limites da matéria e do tempo. Diz ainda que os fluidos humanos são absorvidos pelo objeto, tornando-se agentes evocadores das impressões psicométricas. Por isso, quando o objeto pertenceu a mais de uma pessoa pode até causar erros de orientação.

E conclui, dizendo: "Na base das percepções psicométricas, encontra-se constantemente um fenômeno de ´relação´, estabelecido entre o sensitivo e as pessoas vivas ou mortas, ou então, com seres animais, organismos vegetais e estados da matéria, em relação com o objeto psicometrado.

Graças a essa ´relação´, o sensitivo extrai as suas percepções telepaticamente de pessoas vivas ou mortas, fluidicamente ligadas ao objeto.
Ordinariamente, a faculdade psicométrica é uma função do Eu integral, subconsciente e, algumas vezes, direcionada por entidades desencarnadas.

Essas imagens correspondem, na maior parte, a acontecimentos reais, mas também podem ser, eventualmente, de natureza simbólica, colimando uma informação".
Casos reproduzidos do livro Enigmas da Psicometria:

"Light" (1914, pág.32).

"Um indivíduo mandou da Índia uma caneta de madeira, acrescentando que ela pertencera a um filho dele, já falecido.

O sensitivo, Sr. Roberto King, ignorando absolutamente a proveniência do objeto, tornou-o e começou logo a descrever uma criança, cujo retrato esboçou minuciosamente.

A seguir, o espírito da criança transmitiu-lhe lacônica mensagem destinada ao consulente que, acrescenta o Sr. King, está intimamente ligado ao falecido.
Depois, diz o sensitivo: "Sinto-me empolgado por uma influência singular e ouço nitidamente uma voz que repete e insiste numa palavra cuja transcrição fônica é - Shanti!.

A mensagem foi encaminhada para a índia e o pai do menino não demorou a responder, gratíssimo, confessando não lhe restar dúvida alguma sobre a autenticidade da comunicação; primeiro, porque ele era, efetivamente, uma criança; e, segundo, porque a descrição feita pelo médium era expressão maravilhosa da verdade.

Finalmente a palavra "Shanti", que quer dizer: - a paz seja contigo-, era a saudação habitual que o filho lhe dirigia, quando vivo, todas as manhãs". Análise de Bozzano:

Neste caso, a circunstância teoricamente importante afirma-se no último incidente, ou seja, a audição de um vocábulo que o médium traduz foneticamente, vocábulo este que se verifica, posteriormente corresponder à saudação que o filho costumava dirigir ao pai.

É um incidente que realiza excelente prova de identificação espírita. Sem dúvida, poderíamos objetar que a relação psicométrica se estabelecesse entre o médium em Londres e o consulente na Índia e que, por conseguinte, houvesse aquele se apropriado, na consciência deste, das suas indicações.
Ora, uma dessas regras nos ensina que, quando o sensitivo entra em relação com o possuidor do objeto psicometrado, começa por descrever o indivíduo, inclusive o meio em que ele se encontrava.

E, quando o objeto foi utilizado por diversas pessoas, o sensitivo percebe entre as diferentes influências aquela que, em virtude da lei de afinidade, se lhe torna mais ativa, enquanto ignora as outras, ou apenas recebe delas impressões secundárias, passíveis de errôneas confusões.

Lógico, ao contrário, é dizer-se que o objeto, por saturado da "influência" do filho, determinou a relação psicométrica do sensitivo com o desencarnado, o que de resto ressalta dos fatos, com a descrição mediúnica do filho e não do pai.

Psicometria premonitória:

Boletim da Sociedade de Estudos Psíquicos de Nancy - Novembro de 1904)
"Entreguei ao sensitivo Phaneg uma joia que constantemente trazia comigo, de há muitos anos.

Logo que a teve em mãos, começou ele a descrever o castelo da Duquesa de Uzés, em Dampierre. Depois, acrescentou: percebo uma senhora morena, acamada numa alcova amarela.

Ao seu lado está um médico que parece inquietar-se muito com o estado da enferma...

Esteve a senhora doente, ultimamente? A minha resposta negativa, Phaneg acabou por dizer: "Neste caso, a enfermidade que eu vi deve ainda aparecer".
Ora, quinze dias depois, a predição se realizou! Enfermei gravemente, a ponto de inspirar sérios cuidados ao meu médico assistente.

O redator do Boletim assim comenta o caso:

"O Sr. Phaneg viu o clichê da enfermidade sem poder assinalá-lo no passado, quando no futuro da consulente".

Conclusões de Bozzano:

"Também poderíamos acrescentar que ele extraiu a informação no subconsciente da senhora, cujo organismo podia achar-se afetado dos sintomas precursores da moléstia que explodiria quinze dias depois".
Contato com desencarnados através da Psicometria:

("Light" - 1910, pág. 133)

"Entreguei ao médium uma medalha que pertencera à minha falecida irmã.

Quando Peters a colocou sobre a fronte, pense involuntariamente na falecida e esperava que me falasse dela.

Bem ao contrário, começou por descrever minha mãe, dizendo vê-la a meu lado e a lhe exibir dois retratos, dos quais fez minuciosa descrição.
Lembrei-me de que alguns anos antes tinha guardado em uma pasta duas fotografias análogas às descritas, mas não me ocorriam detalhes. Fosse por que fosse, notei que a descrição não correspondia absolutamente aos retratos de meus pais, existentes na minha sala de visitas.

Logo que regressei a casa, procurei as fotografa e verifiquei, surpreso, que o médium as descrever com perfeita exatidão.

Nitidíssima deveria ter sido a sua vidência, pois abrangera os trajes, o penteado, a posição das mãos e minúcias outras de menor relevo, tal, por exemplo, a cortina que serviu de écran para uma das fotografias.
Mais tarde pude compreender o motivo por que o médium não entrou em relação com o espírito de minha irmã.

É que a medalha tinha sido feita de uns brincos que pertenceram à minha mãe, e minha irmã, que tivera a ideia de os mandar fundir e transformar em medalha, nunca usou, depois, esta joia".

Análise de Bozzano:

"Neste caso, não poderíamos, certamente, excluir a hipótese de haver o médium haurido na subconsciência do consulente os pormenores revelados.
Todavia, a circunstância de ele se propor a entrar em comunicação com a irmã e ignorar que a medalha não continha associações fluídicas com ela, torna mais verossímil a hipótese da "influência" materna contida no objeto, como traço dá ligação psicométrica do médium com a falecida.

E aquele espírito, que exibia ao médium duas fotografias totalmente esquecidas, demonstra a intenção de provar a sua presença real, de acordo com os desejos do consulente, que procurara médium na esperança de alcançar uma valiosa identificação espírita".

FONTE:

Revista Cristã

IPPB

Editora Vivência

Ernesto. Enigmas da Psicometria. Bozano.

Paulo Alves GODOY

Yvonne A PEREIRA.

Francisco Cândido XAVIER; Pelo Espírito André Luiz.

Maria Helena Marcon

Érika Silveira