No processo evolutivo da humanidade há uma linha de
continuidade onde nada se perde.
Com o passar do tempo, o mundo se envolve em densas e
escuras nuvens. A simplicidade do Mestre é substituída pela suntuosidade e
práticas externas. O esclarecimento é combatido. Comunicações espirituais não
são toleradas.
Mas continuam surgindo, videntes, levitadores,
fenômenos de voz direta, desdobramentos, materializações.
SHAKERS
·
Povo de vida simples, sujeitos a
manifestações mediúnicas tal como a igreja de Irving, vinham da Inglaterra
fugidos da perseguição aos fanáticos religiosos emigraram para os Estados
Unidos, abrindo campo para os fatos de Hydesville. Em 1837 existiam 60
comunidades e guardaram os fenômenos, sinais de aviso seguidos por obsessão de
vez em quando, para não serem acusados de loucura.
·
Os principais visitantes eram
Espíritos de Peles vermelha que desejavam aprender o que não lhes fora ensinado
quando encarnados. Visitas duraram 7 anos e quando cessaram avisaram que
voltariam invadindo o mundo. Quatro anos depois começou a história em
Hydesville. Alguns Shakers foram visitar as irmãs Fox, sendo saudados pelas
forças invisíveis.
Em 1848 inicia-se a chegada dos comandos da
sobrevivência.
Este é um fenômeno de obsessão que chamou a atenção
sobre as manifestações dos Espíritos, na América, no século XIX. Golpes, dos
quais ninguém pode adivinhar a causa, se fizeram ouvir pela primeira vez em
1846 na casa de alguém denominado Veckmann, habitante de uma pequena vila
chamada Hydesville no estado de New-York. Tudo foi feito para descobrir o autor
desses ruídos misteriosos, mas nada se conseguiu. Seis meses mais tarde, em
1847, essa família vendeu a casa que foi então habitada por um membro da igreja
episcopal metodista: Sr. John Fox e sua família, composta de sua mulher e de
suas filhas, Margaret então com 14 anos e Kate, de 11 anos. A família Fox era
composta de seis crianças, mas apenas Margaret e Kate Vivian então com seus
pais.
Finalmente, na noite de 31
de março, houve uma saraivada de sons muitos altos e continuados. Kate Fox, na
sua inocência de criança, desafiou a força invisível para que repetisse os
estalos de seus dedos, no que foi imitada. Depois, Kate dobrou os dedos, sem
fazer ruído, e o arranhão respondia. Ficou, dessa forma, constatado que, aquela
força estranha, não só ouvia, como também via. Sua mãe teve então a idéia de
fazer algumas perguntas, cujas respostas foram dadas por meio de pancadas.
"Sois um ser
humano?" Perguntou Mrs. Margareth.
Não houve resposta.
"Sois um Espírito? Se
sois batei duas pancadas."
Duas pancadas foram dadas
pelo Espírito.
Estava, assim, estabelecida
a telegrafia espiritual, naquela memorável noite de 31 de março de 1848.
Foi um vizinho dos Fox, de
nome Duesler, que teve, pela primeira vez, a genial idéia de usar alfabeto para
obter as respostas por meio de arranhões nas letras.
Após o fenômeno Kate Fox
iniciou a telegrafia espiritual.
A Sra. Fox percebeu que a
força ouvia e via.
Hydesville tornou-se famosa,
mas em 1844 os Espíritos já ofereciam mensagens, instruções e curas a um grupo
de espiritualistas organizado em Laona outro vilarejo, próximo a Lily Dale,
onde os espíritos transmitiram técnicas de curas pela imposição das mãos.
O nome da instituição era
Associação livre do lago Cassadaga, mudado para Cidade da Luz e em 1906 para
Assembléia de Lily Dale –lírio do vale.
Em 1916 a casa da família
Fox foi desmontada e remontada em Lily Dale.
A assembleia Lily Dale é uma
instituição ecumênica que define o espiritualismo como religião cuja declaração
de princípios omite dois postulados da Doutrina Espírita: reencarnação e pluralidade dos mundos.
Em 14 de novembro de 1849,
as irmãs Fox levadas por entusiasmo formaram uma seita que deram o nome de
Espiritualistas.
Margareth Fox casou-se com
um médico puritano e sofreu pressões do esposo para que desmentisse a
comunicação com os espíritos.
Sir Arthur Connan Doyle conclui que ele “pensava de modo vago que
houvesse alguma fraude”, mas que Margareth jamais admitiu, e que ela empregou
as suas forças de maneira que os espíritos sérios deploram.
Ela dizia sempre que nunca tinha realmente acreditado que as batidas
fossem obra de espíritos, mas pensava que nisso havia uma relação com certas
leis ocultas da natureza.
Em sua visita à Inglaterra Kate foi estudada por um conhecido membro da
Sociedade Dialética de Londres, o Dr. William Crookes.
Sir Arthur Conan Doyle relatou um episódio da pesquisa de Crookes onde
estavam presentes sua esposa e uma parente:
Uma luminosa mão desceu do alto da sala e, depois de oscilar perto de mim
durante alguns segundos, tomou o lápis de minha mão e escreveu rapidamente numa
folha de papel, largou o lápis e ergueu-se sobre as nossas cabeças,
dissolvendo-se gradativamente na escuridão.
Doyle apresenta três razões para a conduta de Margareth Fox-Kane.
1. A primeira razão envolve uma discussão entre Kate e Leah em decorrência
ao alcoolismo da primeira. Kate e Margareth tornaram-se alcoólatras e Leah fez
pressões para que parassem de beber, chegando a ameaçar Kate com a perda da
guarda dos filhos.
Ao que parece, ela chegou a ser presa por algum tempo em decorrência de
uma denúncia da irmã mais velha, que teria alegado maus tratos para com os
filhos. Margareth se indispôs contra Leah em defesa da irmã, ofendendo-lhe em
sua crença no espiritualismo.
Outra irmã minha, Leah, maldita seja, me fez aceitar isto. Ela é minha
maldita inimiga. Eu a odeio. Meu Deus! Eu a envenenaria! Não, eu não, mas eu a
açoitaria com a minha língua. Leah tinha 23 anos no dia em que eu nasci. A
filha de Leah, Elisabeth, tinha sete anos no dia em que nasci. Rá, rá! Eu já
era tia sete anos antes de ter nascido!
2. O segundo motivo repousa na pressão que sofria por parte dos profitentes
de religiões protestantes e católicas. Em sua retratação, Margareth refere-se à
influência que sofreu de pessoas que tinham por interesse “esmagar o
Espiritismo”.
Connan Doyle chega a apresentar nomes de membros do clero que a fizeram
crer que tratava com o demônio. Margareth houvera se convertido ao catolicismo
alguns anos antes da declaração, o que foi confirmado, em uma entrevista de um
padre da igreja de São Pedro, em Barclay Street, Nova York.
3. Finalmente, houve a proposta financeira do jornal, interessado em um
“furo” jornalístico, não importando se estaria ou não praticando “imprensa
marrom”. As Fox viviam dos fenômenos que produziam, prática em que são
criticadas até por Conan Doyle, que morava em um país onde a remuneração de
médiuns é uma prática aceita.
Margareth Fox-Kane, com base na correspondência de Kate, parece ter
“explicado” os fenômenos a partir da teoria dos “músculos estalantes.
Por fim, Margareth Fox-Kane retratou-se um ano depois, em 20 de novembro
de 1889 em entrevista dada à imprensa de Nova York.
“Praza a Deus (...) que eu possa desfazer a injustiça que fiz à causa do
Espiritismo quando, sob intensa influência psicológica de pessoas inimigas
dele, fiz declarações que não se baseiam nos fatos. (...)
Naquela ocasião (em que denunciou o Espiritismo) necessitava muito de
dinheiro, e criaturas, cujo nome prefiro não citar, se aproveitaram da
situação. Daí a embrulhada. Também a excitação ajudou a perturbar meu
equilíbrio mental. (...)
A partir deste momento ela se propôs a fazer conferências para “refutar
as calúnias” que ela própria lançou contra o Espiritismo. Ela fez uma carta
aberta ao público assinada de próprio punho diante de testemunhas como o Sr.
O’Sullivan, Ministro dos Estados Unidos em Portugal durante vinte e cinco anos.
A 14 de dezembro de 1872 Kate Fox casou-se com um advogado londrino
ficando viúva em 1881, com duas filhas.
Margaret tinha se juntado a irmã Kate em 1876 e permaneceram juntas por
alguns anos, até que ocorreu o lamentável incidente envolvendo a família, a
discussão amarga entre a irmã mais velha, Leah e as duas moças, por causa das
ofensas envolvendo o descrédito, o alcoolismo e a seita espiritualista de Leah.
Talvez tais fatos tenham levado Kardec a ter o cuidado
de usar os termos Espiritismo e doutrina Espírita.
Em 1850 as irmãs Fox iniciam em Nova Iorque, sessões
públicas cobradas onde os Espiritualistas cresceram e a seita foi sancionada.
Tanto Kate quanto Margaret morreram no começo do último decênio do século
e seu fim foi triste e obscuro.
A Doutrina Espírita foi codificada tendo seu primeiro livro publicado em
1857
“Isto agora é outra questão! Só acreditarei vendo e
quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e
que possa tornar-se sonâmbula. Até lá permita que eu não veja no caso, mais do
que um conto para fazer-nos dormir em pé”.
Kardec era adepto da combustão espontânea.
FONTE:
Arthur Connan Doyle
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