sábado, 14 de novembro de 2020

OS COMETAS

 

OS COMETAS

·        Astros errantes, ainda mais do que os planetas que conservaram a denominação etimológica, os cometas serão os guias que nos ajudarão a transpor os limites do sistema a que pertence a Terra e nos levarão às regiões longínquas da extensão sideral.

Mas, antes de explorarmos os domínios celestes, com o auxílio desses viajantes do universo, bom será demos a conhecer, tanto quanto possível, a natureza intrínseca deles e o papel que lhes cabe na economia planetária.

·        Alguns hão visto, nesses astros dotados de cabeleira, (Nuvem luminosa de gás e poeira, de aparência tênue e brumosa, que envolve o núcleo de um astro;) mundos nascentes, a elaborarem, no primitivo caos em que se acham, as condições de vida e de existência, que tocam em partilha às terras habitadas;

Outros imaginaram que esses corpos extraordinários eram mundos em estado de destruição e, para muitos, a singular aparência que têm foi motivo de apreciações errôneas acerca da natureza deles, isso a tal ponto que não houve, inclusive na astrologia judiciária, quem não os considerasse como pressagiadores de desgraças, enviados, por desígnios providenciais, à Terra, espantada e tremente.

·        A lei de variedade se aplica em tão larga escala nos trabalhos da natureza, que admira hajam os naturalistas, os astrônomos e os filósofos, fabricado tantos sistemas para assimilar os cometas aos astros planetários e para somente verem neles astros em graus mais ou menos adiantados de desenvolvimento ou de caducidade.

Entretanto, os quadros da natureza deveriam bastar amplamente para afastar o observador da preocupação de perquirir relações inexistentes e deixar aos cometas o papel modesto, porém, útil, de astros errantes, que servem de desbravadores dos impérios solares. Porque, os corpos celestes de que tratamos são coisa muito diversa dos corpos planetários; não têm por destinação, como estes, servir de habitação a humanidades. Eles vão sucessivamente de sóis em sóis, enriquecendo-se, às vezes, pelo caminho, de fragmentos planetários reduzidos ao estado de vapor, buscar, nos seus centros, os princípios vivificantes e renovadores que derramam sobre os mundos terrestres. (Cap. IX, item 12.)

Durante longo tempo, acreditou-se que os cometas eram corpos sólidos, cujo encontro com um planeta podia ocasionar a destruição deste último. Nessa hipótese, a suposição de Buffon nada tinha de improvável.

Sabe-se, porém, agora, que os cometas são formados de uma matéria gasosa, bastante rarefeita, entretanto, para que se possam perceber estrelas de grandeza média através de seus núcleos. Nessas condições, oferecendo menos resistência do que o Sol, impossível é que, num choque violento com este, eles sejam capazes de arremessar ao longe qualquer porção da massa solar.

·        A Ciência atualmente define os cometas como blocos de gelo e rocha com alguns quilômetros de extensão; quando um cometa se aproxima do Sol, o gelo superficial se evapora, formando uma “bola” de vapor que adquire a forma de longa cauda.

Hoje, sabemos que os cometas não são tão inofensivos quando se chocam com planetas; mas em choque com o Sol não causaria qualquer dano a essa estrela.

 

(Cap. IX, item 12. Quanto aos cometas, estamos hoje perfeitamente tranquilizados com relação à influência que exercem, mais salutar do que nociva, por parecerem eles destinados a reabastecer os mundos, se assim nos podemos exprimir, trazendo-lhes os princípios vitais que eles armazenam em sua corrida pelo espaço e com o se aproximarem dos sóis. Assim, pois, seriam antes fontes de prosperidade, do que mensageiros de

desgraças.

A natureza fluídica, já bem comprovada (cap. VI, itens 28 e seguintes), que lhes é própria afasta todo receio de choques violentos, porquanto, se um deles encontrasse a Terra, esta o atravessaria, como se passasse através de um nevoeiro.

Ainda menos de temer é a cauda que arrastam, visto que essa mais não é do que a reflexão da luz solar na imensa atmosfera que os envolve, tanto assim que se mostra constantemente dirigida para o lado oposto ao Sol, mudando de direção conformemente à posição deste astro. Essa matéria gasosa também poderia, em virtude da rapidez com que eles caminham, constituir uma espécie de cabeleira, semelhante à esteira deixada por um navio em marcha, ou à fumaça de uma locomotiva. Aliás, muitos cometas já se têm aproximado da Terra, sem lhe causarem qualquer dano. Em virtude das suas respectivas densidades, a Terra exerceria sobre o cometa uma atração maior do que a dele sobre ela. Somente uns restos de velhos preconceitos podem fazer que a presença de um cometa inspire terror.

(Nota de Allan Kardec) O cometa de 1861 atravessou a órbita da Terra num ponto do qual esta se achava a uma distância de apenas 20 horas. A Terra esteve, portanto, mergulhada na atmosfera dele, sem que daí resultasse nenhum acidente.

Se, quando um desses astros se aproxima do nosso pequenino globo, para lhe atravessar a órbita e voltar ao seu apogeu, (Posição orbital apresentada por um satélite terrestre (a Lua ou satélite artificial) quando, em sua revolução, se encontra mais afastado da Terra.)  situado a uma distância incomensurável do Sol, o acompanhássemos, pelo pensamento, para visitar com ele as regiões siderais, transporíamos a prodigiosa extensão de matéria etérea que separa das estrelas mais próximas o Sol e, observando os movimentos combinados desse astro, que se suporia desgarrado no deserto infinito, ainda aí encontraríamos uma prova eloquente da universalidade das leis da natureza, que atuam a distâncias que a mais ativa imaginação mal pode conceber.

Aí, a forma elíptica toma a forma parabólica e a marcha se torna tão lenta que o cometa não chega a percorrer mais que alguns metros, no mesmo em que no seu perigeu (Ponto da órbita de um astro ou satélite em torno da Terra, no qual ele se encontra mais próximo de nosso planeta.) percorria muitos milhares de léguas.

Talvez um sol mais poderoso, mais importante do que aquele que o cometa acaba de deixar, exerça sobre esse cometa uma atração preponderante e o receba na categoria de seus súditos. Então, na vossa pequenina Terra, em vão as crianças admiradas lhe aguardarão o retorno, que haviam predito, baseando-se em observações incompletas. Nesse caso, nós, que pelo pensamento acompanhamos a essas regiões desconhecidas o cometa errante, depararemos com uma nação nova, que os olhares terrenos não podem encontrar, inimaginável para os Espíritos que habitam a Terra, inconcebível mesmo para as suas mentes, porquanto ela será teatro de inexploradas maravilhas.

Chegamos ao mundo astral, nesse mundo deslumbrante dos vastos sóis que irradiam pelo espaço infinito e que são as flores brilhantes do magnífico jardim da criação. Lá chegados, apenas saberemos o que é a Terra.

 

Durante longo tempo, acreditou-se que os cometas eram corpos sólidos, cujo encontro com um planeta podia ocasionar a destruição deste último. Nessa hipótese, a suposição de Buffon nada tinha de improvável.

Sabe-se, porém, agora, que os cometas são formados de uma matéria gasosa, bastante rarefeita, entretanto, para que se possam perceber estrelas de grandeza média através de seus núcleos. Nessas condições, oferecendo menos resistência do que o Sol, impossível é que, num choque violento com este, eles sejam capazes de arremessar ao longe qualquer porção da massa solar.

Fonte:

A Gênese

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