cRENÇA e FÉ
A fé não é
uma renúncia às faculdades de pensar, ela é antes um estado de graça, que vê e
conhece por outras vias e conserva em si a sua alegria infinita; é uma doação
em que nada se perde, porque àquele amor e àquela confiança responde o Universo,
retribuindo com novas doações; não é cegueira senão para os cegos, porque
naquela cegueira se abre a visão e se revelam os céus e aparece fulgurante o
pensamento de Deus.
Concebo a consciência como unidade radiante, o eu evolvido como Noúre (Técnica e Recepção das Correntes de Pensamento" que
podem ser "captadas" pela intuição) que tende perenemente à difusão, à dilatação de si mesma, que é centro
de emanações contínuas. Como, pois, se rompe o círculo fechado da razão e se
penetra no céu da intuição e da visão? Como se conquista, com os limitados
meios de uma dimensão conceptual inferior, o domínio da dimensão superior? Com
a fé. A técnica vibratória nos dá a chave do mistério.
A razão é objetiva. Quer, antes de crer, assegurar-se e, só debaixo de
seu controle, confiar. Mas, o método da prudência e da segurança não é o método
do voo. Se não rompermos, por evolução, o círculo em que se fechou a razão,
esta jamais sairá dele e dentro dele, impedida de evadir-se, retorna sempre
sobre si mesma. E é impossível rompê-lo por evolução, a não ser mediante a
introdução na consciência de fatores novos, capazes de lhe dilatarem a
potencialidade. Fé é como se designa o ato psicológico com que se introduzem
esses fatores novos.
Para que
serve permanecer no campo da positividade e da segurança, se este é tão
limitado e não oferece possibilidade de expansão? A verdade universal já está totalmente pronta e presente, escancarada
diante de nossos olhos. Criá-la não é o que nos compete fazer, mas sim
desenvolver a vista para vê-la. Retoma-se, pois, todo o problema,
mediante uma transformação de consciência.
Não se
trata de fé louca, do credo quia absurdum ("Creio porque é absurdo"),
desesperada capitulação da razão que pretende ser sempre a única a falar, até
fora de seu campo. Que está se extinga para sempre, dobre-se em suas expressões
caricatas e permaneça fechada em seu âmbito.
Podemos compreender que o problema do conhecimento na sua essência e
integridade consiste num problema de unificação entre o eu humano e a
Divindade, representa um problema de ascese mística, de revelação, porque em
nossa consciência aquela Divindade é limitada somente por nossa capacidade de
conceber, e se entrega à nossa alma em relação à sua potência de harmonização.
Ora, aquele que, em vez de seguir estas vias e pôr-se em estado positivo de
confiança que estabelece ressonância, se põe no estado vibratório negativo de
dúvida e de desconfiança, que se afasta na dissonância, a si mesmo fechará
automaticamente as portas do conhecimento.
Se nos
pusermos em posição de resistência, em estado vibratório fechado, qual se nos
recusássemos a subir, então nós mesmos nos deteremos e nos privaremos da
recepção amplificadora que desce das correntes vivificantes difusas no todo. A
razão é um círculo de forças fechadas, é um egoísmo conceitual que a si mesmo
não sabe ultrapassar, não se dá por simpatia e não conhece as vias vibratórias
da atração que levam à fusão com o não-eu e, portanto, à sua dilatação até ele.
Necessário se faz subjugar este equilíbrio e reconstruí-lo em mais alta e
completa forma, embora seja mais instável e, não obstante, mais dinâmica. E a
fé é o primeiro salto para a frente. A fé é, pois, ato criativo por excelência
que acompanha a realidade em formação, que voluntariamente pode e sabe
antecipar os futuros estados da evolução.
No duvidoso tormento, tenho interrogado o mais profundo de mim mesmo,
dizendo-me: "como posso eu confiar-me a um imponderável que em mim ainda
não existe e ao qual devo eu mesmo criar?" E o profundo me tem respondido:
crê, porque só a tua fé, base de impulsos ascensionais, tornará objetivas e
tangíveis aquelas realidades mais altas que hoje tem escapam".
A verdadeira convicção só se adquire pelo estudo, pela
reflexão e por uma observação contínua.
Assim, a fé necessita de uma base, e essa base é
a perfeita compreensão
daquilo em que se deve crer. Para crer, não
basta ver, é necessário compreender.
Fé inabalável é somente aquela que pode encarar
a razão face a face, em todas as épocas da humanidade.
Portanto, a fé robusta dá a perseverança, a energia e os
recursos com que vençamos os obstáculos nas pequenas e grandes coisas.
A esperança e a caridade são uma consequência da fé."
Conclusão:
Crer =
acreditar mesmo sem saber
Fé =
acreditar sabendo o que é
1. Crer é
apenas dar crédito a um fato, sem se comprometer com ele;
2. Crer não
significa ter fé salvadora – (Mt 7.21-23-“nem todo aquele que me diz Senhor,
Senhor, entrara no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu
Pai que está nos céus –“aqui Mateus não repete no céu, mas nos céus em uma referência
ao universo absoluto e ao nosso da matéria tempo e espaço” –muitos me dirão
naquele dia Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos e em teu nome
que expulsamos demônios e em teu nome que fizemos muitos milagres? Então eu
lhes declararei. Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim vós que praticais a
iniquidade”);
3. Fé é
uma firme decisão de seguir a Cristo, e arcar com as consequências desta
decisão (dia a dia) – (Mt 16.24 – “então disse Jesus aos seus discípulos., se
alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”);
4. “Fé é
compromisso com Deus”;
5.
é a adesão de
forma incondicional a uma hipótese que a pessoa
passa a considerar como sendo uma verdade porque estudou, conheceu sua lógica e
não possui mais dúvidas;
6. crença é acreditar sem qualquer tipo de prova ou Critério objetivo de verificação,
pela absoluta confiança que se deposita nesta ideia ou fonte de transmissão
mesmo que seja por imposição é não querer por orgulho aceitar a verdade mesmo
que ela não seja a que se acredita (lembra do antolhos que a igreja católica
colocou e selou com a infalibilidade
papal?;
7. Por isso dizemos que a grande maioria de católicos dizem ter crença,
mas não possuem fé por não conhecerem as bases de mentiras que foram criadas
sua crença desvirtuada do cristianismo redivivo do Cristo;
8. Pelo mesmo motivo dizemos da grande maioria de protestantes
que se intitulam evangélicos. O protestante puro começou com Lutero, mas se
firmou com Calvino. O evangélico apenas porque adota o evangelho sem o praticar
pois visa apenas a matéria (dinheiro) é uma crença como a católica imposta;
9. Portanto, se uma pessoa acredita, confia ou aposta em algo, não significa necessariamente
que ela tenha fé. Diante dessas considerações, embora não se observe oposição
entre crença e racionalidade, como muitos parecem pensar, deve-se atentar para
o fato de que tal oposição é real no caso da fé, principalmente no que diz
respeito às suas implicações no processo de aquisição de conhecimento,
que pode ser resumida à oposição direta à dúvida e ao importante
papel que essa última desempenha na aprendizagem;
10.A fé nasce
e morre dentro de cada um. A fé é uma energia ou sentimento intransferível e
uma experiência totalmente pessoal. A crença é a sensação de que
alguma coisa é verdadeira, sem que se questione a procedência desta coisa, sem
que se questione se essa coisa pode ser provada ou não;
11.Você
sabe o que é a fé raciocinada? O espiritismo inovou com esse conceito. Fé raciocinada é o
meio-termo entre a incredulidade e a fé cega. Como ninguém é igual
a ninguém, a quantidade necessária de razão e de fé para apreender a teoria e
experimentar a prática depende de cada um;
12.Quem
tem fé sabe; quem tem
crença pode saber ou apenas pensar que sabe. A fé não se
transmite, a crença pode ser ensinada.
13.“Fé inabalável é aquela que pode encarar
a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade. ”;
Se você tem fé, não precisa ter medo de
ouvir o próximo. Você sabe no que acredita? Ou confunde saber com estar
convencido? A fé é algo que sabemos, compreendemos intimamente,
sem margem a dúvidas. O resto são crenças;
FONTES:
Instituto
Pietro Ubaldi
Ascese
Mística parte I cap. 8
O Céu e o Inferno
Morel Felipe
Wilkon
Allan Kardec
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