sexta-feira, 15 de outubro de 2021

CRENÇA e FÉ

 

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A fé não é uma renúncia às faculdades de pensar, ela é antes um estado de graça, que vê e conhece por outras vias e conserva em si a sua alegria infinita; é uma doação em que nada se perde, porque àquele amor e àquela confiança responde o Universo, retribuindo com novas doações; não é cegueira senão para os cegos, porque naquela cegueira se abre a visão e se revelam os céus e aparece fulgurante o pensamento de Deus.

 

Concebo a consciência como unidade radiante, o eu evolvido como Noúre (Técnica e Recepção das Correntes de Pensamento" que podem ser "captadas" pela intuição) que tende perenemente à difusão, à dilatação de si mesma, que é centro de emanações contínuas. Como, pois, se rompe o círculo fechado da razão e se penetra no céu da intuição e da visão? Como se conquista, com os limitados meios de uma dimensão conceptual inferior, o domínio da dimensão superior? Com a fé. A técnica vibratória nos dá a chave do mistério.

A razão é objetiva. Quer, antes de crer, assegurar-se e, só debaixo de seu controle, confiar. Mas, o método da prudência e da segurança não é o método do voo. Se não rompermos, por evolução, o círculo em que se fechou a razão, esta jamais sairá dele e dentro dele, impedida de evadir-se, retorna sempre sobre si mesma. E é impossível rompê-lo por evolução, a não ser mediante a introdução na consciência de fatores novos, capazes de lhe dilatarem a potencialidade. Fé é como se designa o ato psicológico com que se introduzem esses fatores novos.

Para que serve permanecer no campo da positividade e da segurança, se este é tão limitado e não oferece possibilidade de expansão? A verdade universal já está totalmente pronta e presente, escancarada diante de nossos olhos. Criá-la não é o que nos compete fazer, mas sim desenvolver a vista para vê-la. Retoma-se, pois, todo o problema, mediante uma transformação de consciência.   

Não se trata de fé louca, do credo quia absurdum ("Creio porque é absurdo"), desesperada capitulação da razão que pretende ser sempre a única a falar, até fora de seu campo. Que está se extinga para sempre, dobre-se em suas expressões caricatas e permaneça fechada em seu âmbito.

Podemos compreender que o problema do conhecimento na sua essência e integridade consiste num problema de unificação entre o eu humano e a Divindade, representa um problema de ascese mística, de revelação, porque em nossa consciência aquela Divindade é limitada somente por nossa capacidade de conceber, e se entrega à nossa alma em relação à sua potência de harmonização. Ora, aquele que, em vez de seguir estas vias e pôr-se em estado positivo de confiança que estabelece ressonância, se põe no estado vibratório negativo de dúvida e de desconfiança, que se afasta na dissonância, a si mesmo fechará automaticamente as portas do conhecimento.  

Se nos pusermos em posição de resistência, em estado vibratório fechado, qual se nos recusássemos a subir, então nós mesmos nos deteremos e nos privaremos da recepção amplificadora que desce das correntes vivificantes difusas no todo. A razão é um círculo de forças fechadas, é um egoísmo conceitual que a si mesmo não sabe ultrapassar, não se dá por simpatia e não conhece as vias vibratórias da atração que levam à fusão com o não-eu e, portanto, à sua dilatação até ele. Necessário se faz subjugar este equilíbrio e reconstruí-lo em mais alta e completa forma, embora seja mais instável e, não obstante, mais dinâmica. E a fé é o primeiro salto para a frente. A fé é, pois, ato criativo por excelência que acompanha a realidade em formação, que voluntariamente pode e sabe antecipar os futuros estados da evolução. 

 No duvidoso tormento, tenho interrogado o mais profundo de mim mesmo, dizendo-me: "como posso eu confiar-me a um imponderável que em mim ainda não existe e ao qual devo eu mesmo criar?" E o profundo me tem respondido: crê, porque só a tua fé, base de impulsos ascensionais, tornará objetivas e tangíveis aquelas realidades mais altas que hoje tem escapam".

 

A verdadeira convicção só se adquire pelo estudo, pela reflexão e por uma observação contínua.
Assim, a fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão
daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário compreender.
Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade.

Portanto, a fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos com que vençamos os obstáculos nas pequenas e grandes coisas.

A esperança e a caridade são uma consequência da fé."

Conclusão:

Crer = acreditar mesmo sem saber

Fé = acreditar sabendo o que é

1.     Crer é apenas dar crédito a um fato, sem se comprometer com ele;

2.     Crer não significa ter fé salvadora – (Mt 7.21-23-“nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrara no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus –“aqui Mateus não repete no céu, mas nos céus em uma referência ao universo absoluto e ao nosso da matéria tempo e espaço” –muitos me dirão naquele dia Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos e em teu nome que expulsamos demônios e em teu nome que fizemos muitos milagres? Então eu lhes declararei. Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim vós que praticais a iniquidade”);

3.      Fé é uma firme decisão de seguir a Cristo, e arcar com as consequências desta decisão (dia a dia) – (Mt 16.24 – “então disse Jesus aos seus discípulos., se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”);

4.     “Fé é compromisso com Deus”;

5.     é a adesão de forma incondicional a uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo uma verdade porque estudou, conheceu sua lógica e não possui mais dúvidas;

6.      crença é acreditar sem qualquer tipo de prova ou Critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que se deposita nesta ideia ou fonte de transmissão mesmo que seja por imposição é não querer por orgulho aceitar a verdade mesmo que ela não seja a que se acredita (lembra do antolhos que a igreja católica colocou e selou com  a infalibilidade papal?;

7.     Por isso dizemos que a grande maioria de católicos dizem ter crença, mas não possuem fé por não conhecerem as bases de mentiras que foram criadas sua crença desvirtuada do cristianismo redivivo do Cristo;

8.     Pelo mesmo motivo dizemos da grande maioria de protestantes que se intitulam evangélicos. O protestante puro começou com Lutero, mas se firmou com Calvino. O evangélico apenas porque adota o evangelho sem o praticar pois visa apenas a matéria (dinheiro) é uma crença como a católica imposta;

9.     Portanto, se uma pessoa acreditaconfia ou aposta em algo, não significa necessariamente que ela tenha fé. Diante dessas considerações, embora não se observe oposição entre crença e racionalidade, como muitos parecem pensar, deve-se atentar para o fato de que tal oposição é real no caso da fé, principalmente no que diz respeito às suas implicações no processo de aquisição de conhecimento, que pode ser resumida à oposição direta à dúvida e ao importante papel que essa última desempenha na aprendizagem;

10.A fé nasce e morre dentro de cada um. A fé é uma energia ou sentimento intransferível e uma experiência totalmente pessoal. A crença é a sensação de que alguma coisa é verdadeira, sem que se questione a procedência desta coisa, sem que se questione se essa coisa pode ser provada ou não;

11.Você sabe o que é a fé raciocinada? O espiritismo inovou com esse conceito. Fé raciocinada é o meio-termo entre a incredulidade e a fé cega. Como ninguém é igual a ninguém, a quantidade necessária de razão e de fé para apreender a teoria e experimentar a prática depende de cada um;

12.Quem tem fé sabe; quem tem crença pode saber ou apenas pensar que sabe. A fé não se transmite, a crença pode ser ensinada.

13.Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade. ”;

Se você tem fé, não precisa ter medo de ouvir o próximo. Você sabe no que acredita? Ou confunde saber com estar convencido? A fé é algo que sabemos, compreendemos intimamente, sem margem a dúvidas. O resto são crenças; 

FONTES:

Instituto Pietro Ubaldi

Ascese Mística parte I cap. 8

O Céu e o Inferno

Morel Felipe Wilkon

Allan Kardec

 

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