ORAR
Quem nunca fez uma
oração sincera e após isso não ouviu nenhuma voz, não viu nada acontecer, não
sentiu nenhum movimento da parte de Deus? Isso acontece com todos nós. Em
muitos momentos somos impactados pelo inquietante silêncio de Deus. Ou melhor, achamos
que Deus está em silêncio, pois não conseguimos interpretar aquilo que Ele está
querendo dizer ou mostrar, o significado desse “silêncio” que estamos
pavorosamente experimentando. Parece ser exatamente esse o sentimento que tomou
conta do salmista, que suplicou uma resposta clara de Deus: “Atenta,
IAHWEH meu Deus! Responde-me, ilumine meus olhos, para que eu não adormeça na morte.
“ (Sl 13.4). Pensando nesse “silêncio” de Deus, o que ele poderia
significar? O que Deus pode estar querendo falar a nós através do Seu suposto
silêncio?
O silêncio de Deus
pode ser um indicativo de que nossas motivações estão erradas. Podemos estar
sendo levados por interesses egoístas, paixões carnais, teimosia, caprichos,
falsa religiosidade, orgulho, cobiça, etc. Nesse caso, o silêncio de Deus é um
indicativo claro para uma reflexão mais cuidadosa de nossa parte a respeito do
que estamos pedindo e por que Deus não está respondendo: “pedis, mas
não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. ” (Tg 4.3). Ou
seja, é bom que reflitamos a forma e as motivações dos nossos pedidos que, em
muitos casos, podem explicar o silêncio de Deus.
Quando estamos diante
do silêncio de Deus, quase sempre não nos ocorre que não chegou ainda a hora de
Deus agir concedendo nossa petição. Achamos que nós é que estamos certos, que
sabemos o tempo e o modo de as coisas acontecerem. Somos ansiosos, impacientes,
sem esperança, sem fé diante dos nossos pedidos e do silêncio de Deus. “Há
um momento para tudo e um tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec
3.1). Por que somos tão relutantes em descansar e crer que o silêncio
de Deus pode ser um indicativo de que ainda não chegou a hora Dele agir em
nosso favor?
Encontramos
por toda a Bíblia Deus em silêncio e ao mesmo tempo testando a fé e a esperança
de seus servos. Porque esse silencio de Deus? Muitos sucumbem a esse
questionamento e abandonam a Deus, pois estavam mesmo interessados apenas em
Suas bênçãos e não no seu enviado Jesus como o seu caminho, verdade e vida.
Apesar do salmista do início desse texto estar buscando desesperadamente a
resposta clara de Deus, ele não deixa de registrar que, apesar do silêncio de
Deus, ele permanece confiante na ação do Pai: “quanto a mim eu confio
no teu amor! Meu coração exulte com a tua salvação; cantarei a IAHWEH pelo bem
que me fez; tocarei ao nome de IAHWEH, o Altíssimo! ” (Sl 13;6)
Deus
não está em silêncio, você é que não O está ouvindo; Deus está se expressando
constantemente pela brisa, aves, natureza, chuva, orvalho. Já passou por
sua cabeça que Deus pode estar falando e você não estar percebendo? Pois é,
isso normalmente acontece na vida das pessoas que não têm uma intimidade bem
fundamentada com Deus. Elas não convivem de verdade com a presença do Pai, por
isso, têm dificuldades de ouvir a sua voz; procuram sempre algo material. Jesus
disse: (Jo 10.27 – “as minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as
conheço e elas me seguem”). Para reconhecer mais nitidamente a voz do
pastor é preciso ter intimidade com Ele. O salmista explica isso muito bem,
quando diz que “os segredos de IAHWEH é para aqueles que o temem, fazendo-os
conhecer a sua aliança” (Sl 25.14). Talvez o silêncio de Deus seja,
na verdade, uma surdez que você está vivendo. Ele está falando, mas você
insiste em não escutar!
MANEIRA D E ORAR
O dever primordial de toda criatura
humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia,
é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que
importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais umas às outras,
fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer
dever? A prece do cristão, do espírita, seja qual for o seu culto, deve ele
dizê-la logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos
pés da Majestade Divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de
reconhecimento por todos os benefícios recebidos até aquele dia; pela noite
transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência
disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para haurir, no contato
com eles, mais força e perseverança. Deve ela subir humilde aos pés do Senhor,
para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo, indulgência e
misericórdia. Deve ser profunda, porquanto é a vossa alma que tem de elevar-se
para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar
nívea e radiosa de esperança e de amor. A vossa prece deve conter o pedido das
graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil,
portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e
riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da
resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: “Não vale a pena orar,
porquanto Deus não me atende. ” Que é o que, na maioria dos casos, pedis a
Deus? Já vos tendes lembrado de pedir- -lhe a vossa melhoria moral? Oh! Não;
bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é
o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com frequência
exclamado: “Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam
tantas injustiças. ” Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa
consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida
dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais
melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre
vós.
Deveis orar incessantemente, sem que,
para isso, se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de
joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres,
sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles. Não é ato de amor a
Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade, moral ou física? Não é ato
de reconhecimento o elevardes a ele o vosso pensamento, quando uma felicidade
vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade
apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar: Sede bendito,
meu Pai?! Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz,
quando sentis que falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe
dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por
falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a
reparação da minha falta?! Isso independe das preces regulares da manhã e da
noite e dos dias consagrados. Como o vedes, a prece pode ser de todos os
instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos trabalhos. Dita assim,
ela, ao contrário, os santifica. Tende como certo que um só desses pensamentos,
se partir do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai celestial do que as longas
orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais apenas
maquinalmente vos chama a hora convencional.
FONTE:
marciusss.blogspot.com
Bíblia de Jerusalém
Correções do grupo Sentida Vida
V.
Monod. (Bordéus, 1862.)
ESE
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