SAULO DE TARSO E O AMOR
Muito interessante os documentos oficiais não
imputarem a Saulo de tarso, a responsabilidade da morte de Estevão.
Interessante ainda quando insistem na questão de que Estevão foi levado para
fora da cidade e apedrejado e que as testemunhas depuseram suas vestes ao pé de
um jovem chamado Saulo.
Quando na verdade foi apedrejado no pátio do
Sinedrio, com muitas testemunhas (inclusive sua noiva e sua irmã) e levado à
sala dos sacerdotes na hora extrema, como reconhecimento de que poderia ter
cometido um grave erro.
A questão da crença e da fé não é levada em conta
e nem por isso abandonada.
O livro Paulo e Estevão de autoria de Francisco
Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel que com ele fez mais de 400 obras,
analisa a questão mais profundamente.
Alguém nos seus paradigmas poderia considerar
Emmanuel um romancista, como poderia alegar que São Jerônimo (... “não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um
“sacrílego”, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar,
substituir e corrigir alguma coisa”...) em carta ao Papa afirma que não
gostaria de ser julgado no futuro pelas alterações inclusões e exclusões quando
da tradução do que havia em aramaico, hebraico, grego e latim para um único
livro denominado “Vulgata” e proibido de ser consultado, senão por autorização
do papa até a divisão da Igreja, quando foi amplamente impressa, tornando-se
público.
Nada disso interessa na verdade porque só levaria
a discussões fanáticas.
Muito interessante porque apenas Emmanuel analisa
mais profundamente esse comprometimento, mostrando que Saulo antes de sua
profissão de fé – em Damasco -, já estava completamente aberto à mudança, não o
fazendo apenas pela questão do orgulho que sua opção religiosa lhe levara.
Estava para ser um doutor do Sinedrio, na vaga que deixaria Gamaliel,
aposentando-se, pela idade e até por aceitar os novos princípios do
Cristianismo.
Muito interessante em não querer mostrar a
influencia de Abigail, sua noiva, Gamaliel, e Estevão por ele perseguido e
apedrejado.
Muito mais interessante apenas se considerar o
ocorrido na estrada de Damasco, isolado da historia como único para sua
conversão, quando na verdade esse fato foi apenas consequência de um amor que
já vinha sendo cultivado sem mesmo que ele percebesse.
O amor já estava em seu coração cuja semente já
estava plantada sem que ele quisesse ou pudesse admitir.
Sementeira
feita por Abigail (serei sua serva e serás a lei); Estevão na hora extrema
(Senhor não lhes impute esse pecado), Gamaliel (antes em defesa de Pedro e João
no Sinedrio já convertido: Soltai-os: Se o seu intento ou sua obra provém dos
homens, destruir-se-á por si mesma. Se vem de Deus não podereis destruí-los.),
do trabalho dos apóstolos na igreja criada amigos do caminho (onde atendiam aos
necessitados gratuitamente, pelo amor ao próximo) e do próprio Saulo que, (estando
presente à execução com sua noiva, ao perceber que poderia ser o irmão de
Abigail, mandou levá-lo a sala dos sacerdotes) quando recebeu o perdão de
Estevão
Interessante a intenção de isolá-lo do evento
(provavelmente por suas cartas diversas, documentos fundamentais na composição
do NT), quando foi o único responsável. Esse erro, no qual ele não conhecia a
identidade do perseguido, levou-o a assumir tamanha culpa que se isolou de
Abigail intensificando as perseguições aos “amigos do caminho” futuros cristãos
como sugeriu Lucas.
Quando resolveu procurar Abigail, encontrou-a no
leito de morte, pregando o evangelho do carpinteiro de Nazaré. Isso o levou
ainda a tentar esponsabilizar Ananias, a quem conseguiu permissão para prisão,
indo buscá-lo onde se encontrava: Damasco!
Então vem a conhecida passagem em que Saulo cai
do camelo sob o sol do meio dia (não havia cavalos em Jerusalém, para viagens, apenas
camelos – os cavalos eram usados apenas para puxar as bigas alguém já havia
pensado nisso?).
Caído vê surgir a figura de um homem de
majestática beleza, dando a impressão de que descia do céu. Sua túnica era
feita de pontos luminosos, seus cabelos tocavam os ombros à nazarena; os olhos
magnéticos imanados de simpatia e amor, iluminando a fisionomia grave e terna
onde pairava uma divina tristeza.
Foi quando o desconhecido se fez ouvir:
-- Saulo!... Saulo!... Por que me persegues?
O moço tarsense não percebeu que estava de
joelhos. Sem saber o que se passava incoercível sentimento de veneração
apossou-se dele.
Perguntou com voz receosa e tremula:
-Quem sois vós Senhor?
Num tom de inconcebível doçura o Senhor
respondeu:
-Eu sou Jesus!...
O inflexível doutor da lei curvou-se aos prantos,
ferido de morte, experimentando a derrocada de todos os princípios que lhe
confortavam o espírito e lhe norteavam até então.
Tinha o Cristo diante dos olhos! Os pregadores do caminho não
estavam iludidos! A palavra de Estevão era verdade pura. A crença de Abigail
era a senda real. Aquele era o Messias.
Foi quando notou que Jesus se aproximava e
contemplando carinhosamente, o Mestre tocou-lhe os ombros com ternura
dizendo com inflexão paternal.
-Não recalcitres contra os aguilhões. Saulo compreendeu; desde
o primeiro encontro com Estevão o Cristo chamara-o por todos os meios e modos.
Banhado em pranto fez ali mesmo sua primeira
profissão de fé.
-Senhor que querei que eu faça?
Foi aí que Jesus contemplando-o mais
amorosamente e dando-lhe a entender a necessidade de os homens se
harmonizarem, no amor universal em seu nome, esclareceu generosamente:
-Levanta-te Saulo! Entra na cidade e lá te será
dito o que te convém fazer!...
Alguém conseguiria (pode me enganar que eu
adoro) definir ou explicar o que é Jesus olhar “amorosamente” ou mesmo
generosamente? Ou com doçura?
Como diz meu filho Andre, então tá bom!
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