domingo, 3 de outubro de 2021

PARABOLA DA REDE

 

 

PARABOLA DA REDE

 

O homem bom é aquele que tem experiência na Infinita Realidade, que vive e age em perfeita harmonia com essa consciência divina; o homem que age eticamente em consequência da sua experiência mística.

A parábola da rede e seu conteúdo afirma uma separação final e definitiva entre os bons e os maus, entre os que são internamente bons e agem externamente de acordo com sua consciência. O homem pode e deve tornar-se internamente bom; é esta a sua razão de ser aqui na Terra; e, como transbordamento desse seu ser-bom em Deus, deve fazer bem aos homens.

Ser-bom (mística) é fazer-bem (ética) – é esta a finalidade do homem aqui na Terra e alhures. Quem assim é e assim age entra na vida eterna – mas quem não é assim e não age assim sucumbe à morte eterna. A morte eterna é a extinção da sua individualidade, a sua desintegração por falta de integração, a sua desrealização por falta de realização.

O período para essa integração ou realização do homem não se restringe

apenas aos poucos decênios da sua vida terrestre, mas é o ciclo total da sua

existência, “nas muitas moradas em casa do Pai Celeste”, ciclo que pode

abranger milhares e milhões de anos. Mas, segundo as imutáveis leis cósmicas, quem não se realiza se desrealiza, extingue-se.

O homem não é imortal, mas é imortalizável. Quem pode imortalizar-se deve imortalizar-se, e quem pode e deve e não faz, crea débito, e todo débito gera sofrimento.

Neste sentido diz o Mestre: “Eu vim para que os homens não pereçam, mas

tenham a vida eterna... Quem tiver fidelidade a mim não morrerá, e ainda que tenha morrido (fisicamente) viverá para todo o sempre”.

A parábola da rede proclama a possibilidade da vida eterna e a possibilidade da morte eterna. Compete ao livre-arbítrio do homem escolher entre essas duas alternativas: realização – ou desrealização.

* * *

A vida eterna não é uma dissolução do homem no Todo, como ensina a ala

esquerda do budismo, mas é uma integração do indivíduo no Todo, como

defende a ala direita do budismo, de acordo com o Evangelho do Cristo.

Quem se dissolve deixa de existir – quem se integra continua a existir.

A Vida Universal não “existe”, ela “é”. A vida individual continua a existir quando se integra no Todo, mas deixa de existir (embora continue a ser) quando não se integra, mas se dissolve no Todo. Aqui na Terra, é o homem a única creatura que pode continuar a existir individualmente no Todo Universal; as outras creaturas, quando morrem, deixam de existir individualmente, porque o eu “vivo individual” se dissolve na Vida Universal.

 A Parábola da Rede está descrita no seguinte registro do apóstolo e evangelista Mateus 13:47,50: 

(Mateus, 13:47-52-“o Reino dos Céus é ainda semelhante a rede lançada ao mar, que apanha de tudo. Quando está cheia, puxam-na para a praia e sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta deitam fora. Assim será no fim do mundo; virão os anjos e separarão os maus dos justos e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes”.) 

Na parábola, o Reino dos Céus é comparado a uma rede que — abstraindo-se da simbologia usual dos textos sagrados —, pode ser definida como o instrumento que recolhe do mar da vida, Espíritos de diferentes graus evolutivos para, juntos, fazê-los progredir, de acordo com os preceitos da lei de amor, justiça e caridade, assim considerada por Allan Kardec: “O  progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, amor e caridade; essa lei é fundada na certeza do futuro.[…] Dessa lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condições de felicidade do homem.[…].”

Recolhidos em um espaço comum, homens de todas as raças, credos e diversidade intelectual e moral são apanhados para serem julgados de acordo com suas obras: “Dizem-nos de todas as partes que são chegados os tempos marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão para a regeneração da humanidade. […].”

 Significa também dizer: Até aqui, a humanidade tem realizado incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes, ainda, um imenso progresso a realizar:  fazerem que reinem entre si a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral

Colhidos pela pescaria divina, os homens são convidados a se renovarem pela prática do bem, no pensar, falar e agir, libertando-se das algemas do egoísmo e do orgulho que escravizam consciências. O momento exato em que somos brindados pelas oportunidades divinas estão, resumidamente, representadas nestes esclarecimentos de Emmanuel:

 Observa em derredor de ti e reconhecerás onde, como e quando Deus te chama em silêncio a colaborar com ele, seja no desenvolvimento das boas obras, na sustentação da paciência, na intervenção caridosa em assuntos inquietantes para que o mal não interrompa a construção do bem, na palavra iluminativa ou na seara do conhecimento superior, habitualmente ameaçada pelo assalto das trevas. […].

O processo de seleção, ensinado pelo Cristo, é muito simples e objetivo, como consta no versículo 48: juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta deitam foraImplica dizer que os que permanecerem fiéis e perseverantes no bem-estarão aptos para habitar um mundo de regeneração. Os demais, são considerados Espíritos retardatários, que necessitam repetir experiências em ambientes que lhes estimulem o progresso espiritual.

Tendo o bem que reinar na Terra o bem, é preciso que dela sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam trazer-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo necessário para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, ele será interdito, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como outrora o foram para a Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. […]. 

Não há dúvida de que tal seleção produzirá sofrimento, lágrimas e amarguras, citados nos versículos seguintes, 49 e 50: Assim será no fim do mundo; virão os anjos e separarão os maus dos justos e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes”. Pode-se perceber, contudo, que a separação será realizada por Espíritos altamente qualificados, os anjos. Ou seja, Espíritos puros que, superiormente esclarecidos e bondosos, saberão envolver com muito amor os menos evolvidos nos processos reeducativos.

Como a cooperação integra os fundamentos da legislação divina, esses enviados celestiais, por sua vez, contarão com o apoio de Espíritos devotados que, ao assumirem missões e compromissos, entre os encarnados ou os desencarnados, atuarão como instrumentos do progresso. Emmanuel, em sua sabedoria, nos ensina a identificar os benfeitores que, muitas vezes, ombreiam conosco na estrada da vida.

Ser-nos-á sempre fácil discernir a presença dos mensageiros divinos, ao nosso lado, pela rota do bem a que nos induzam. Ainda mesmo que tragam consigo o fulgor solar da Vida Celeste, sabem acomodar-se ao nosso singelo degrau nas lides da evolução, ensinando-nos o caminho da Esfera Superior. E ainda mesmo se alteiem a culminâncias sublimes na ciência do Universo, ocultam a própria grandeza para guiar-nos no justo aproveitamento das possibilidades em nossas mãos. Sem ferir-nos de leve, fazem luz em nossas almas, a fim de que vejamos as chagas de nossas deficiências, de modo a que venhamos saná-las na luta do esforço próprio.

FONTE:

O Novo Testamento

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 

A Gênese. 

Encontro Marcado

 Religião dos Espíritos

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

Carlos T. Pastorino

FEB

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