Ninguém diria em sã consciência que não deseja ser feliz.
Todos procuram, nos mais variados lugares e das mais
diferentes formas.
Como já disse Divaldo Pereira Franco: “O grande desafio da criatura humana é a
própria criatura humana”, ou seja, o nosso grande desafio somos
nós mesmos, nosso autoconhecimento.
Sabemos que não somos somente aparência material, física. O
ser humano é pré-existente ao corpo e a ele sobrevive. Através desse conceito é
que conseguimos entender nossos enigmas, as problemáticas do
inter-relacionamento, da dor, do desamor.
Allan Kardec, diz no Evangelho Segundo o Espiritismo, que a
felicidade não é deste mundo. Não quis ele, afirmar que aqui é um vale de
lágrimas, mas sim, que este mundo é uma escola. E como toda escola, existe a
disciplina e quem não respeita estas disciplinas precisa ser reeducado, repete
de ano, no nosso caso, precisa voltar, reencarnar, recomeçar.
A felicidade tem uma conotação diferente para
cada criatura, de acordo com nível intelectual de cada um.
Por estarmos a maioria, ligados ao material, muitos
condicionam a conquista da felicidade à aquisição de bens materiais, outros
ancoram o sonho da felicidade na busca da fama, do sucesso, do poder, para
outros a felicidade está associada à inexistência de problemas, e a lista
prossegue sem fim.
Temos que lembrar que a vida não é um problema, é um desafio.
Ela nos apresenta oportunidades de crescimento, nos setores que mais
necessitamos. Por detrás dos problemas existem lições, desafios, tarefas. E a
grande ventura tomará conta de nós quando vencermos os obstáculos que a vida
nos apresenta.
Lembremo-nos da felicidade de Francisco de Assis, conquistada
na humildade, na pobreza e no serviço ao próximo. O santo da humildade era moço
rico, mas vivia amargurado na riqueza que possuía, só encontrou a paz depois
que se entregou à riqueza do espírito. Não nos esqueçamos de Paulo de Tarso,
que na condição de poderoso Saulo era infeliz, mas voltou a viver após o
célebre encontro a felicidade pessoal. Gandhi encontrou a sua felicidade na
luta pela paz. Madre Tereza e Irmã Dulce, apesar dos inúmeros padecimentos que
sofreram, conseguiram encontrar a felicidade na felicidade que podiam
proporcionar aos desvalidos do caminho. Como esquecer a permanente alegria de
Chico Xavier? E problemas na vida não lhe faltaram. Divaldo Pereira Franco,
outro exemplo de felicidade por fazer outros felizes diz: “Quando nós começarmos a tornar a Terra digna
de viver, o Reino de Deus estará entre nós. ”
Portanto, a felicidade, nós a encontraremos na harmonização, no amor
verdadeiro, na renúncia e no desprendimento. Nós a encontraremos ainda,
dedicando-nos aos que sofrem, procurando amenizar-lhes as dores.
A felicidade não é deste mundo, mas começa aqui. Cabe a nós,
seres inteligentes descobrir na Terra a razão fundamental da nossa existência.
Será que estamos aqui para curtir a vida de maneira banal ou imoral?
Portanto, enquanto não buscarmos o enriquecimento moral e
espiritual, tudo nos parecerá sem sentido ou significado, tornando nossas
encarnações um desafio recheado de desencanto e aflição. Buscando a felicidade
em acontecimentos ou em algum bem material. E a felicidade não está fora de
nós, ela é, antes de tudo, um estado de espírito. Ser feliz é nossa atitude
diante da tarefa que viemos fazer na Terra, que é “progredir espiritualmente” e
de preferência ajudando outros a progredirem.
Seremos felizes, materialmente, se nos
contentarmos com o necessário para viver, superando as pressões da sociedade de
consumo que, com seu incrível agente – a propaganda – induz-nos a desejar o
supérfluo e a consumir até mesmo o que é nocivo, como o fumo e as bebidas
alcoólicas.
A esse propósito vale lembrar Diógenes, famoso filósofo
grego, que demonstrava um absoluto desprezo pelas convenções sociais e pelos
bens materiais, em obediência plena às leis da Natureza.
Proclamava que para ser feliz o homem deve libertar-se do
supérfluo, limitando-se ao essencial: andava descalço, vestia uma única túnica
que possuía e dormia num tonel, que se tornou famoso em toda a Grécia.
Certa feita viu um garoto tomando água num riacho, a usar o
côncavo das mãos. Então, exultou o filósofo: “Aí está, esse menino acaba de ensinar-me que
ainda tenho objetos desnecessários. ” – Assim, dispensou a
caneca que usava, passando a utilizar-se das mãos.
Alexandre, o grande, senhor todo poderoso de seu tempo,
curioso por conhecer aquele homem singular e desejando testar seu famoso
desprendimento, aproximou-se dele em uma manhã fria de inverno, quando Diógenes
aquecia-se ao sol. Então, Alexandre propôs-se a atender qualquer pedido seu.
Que escolhesse o bem mais precioso, que enunciasse o capricho mais sofisticado
e seria prontamente atendido.
Diógenes contemplou por alguns momentos o homem
mais poderoso da Terra, senhor de vasto império. Depois, esboçando um sorriso,
disse-lhe : “Quero apenas que não
me tires o que não me podes dar. Estás diante do sol que me aquece. Afasta-te,
pois . . .”Evidentemente não podemos levar Diógenes ao pé da
letra, mesmo porque estamos longe do desprendimento total. Ele representa um
exemplo de como podemos simplificar a existência, despindo-nos do materialismo,
para que não haja impedimentos à nossa felicidade. E se, nós nos contentarmos
com o necessário teremos condições para tratar de assuntos mais importantes,
como a conquista moral. Porque, somos dotados de potencialidades criadoras que
precisam ser exercitados permanentemente e tanto mais felizes seremos quanto
maior o nosso empenho em cultivar os valores da Verdade e do Bem, da Justiça e
da Sabedoria, do Amor e da Caridade, fazendo sempre o melhor. Gandhi
disse: “Todo aquele que possui coisas de
que não precisa é um ladrão. ” E Aristóteles
disse: “A felicidade consiste em fazer o
bem. ” Divaldo P. Franco disse que aprendeu que a
finalidade da vida é ser feliz através da felicidade proporcionada aos outros.
E o apóstolo Paulo disse: “ Se alguém possuir
bens deste mundo e, vendo o seu irmão em necessidade, fechar-lhe o coração,
como poderá permanecer nele o amor de Deus? ”
FONTE:
Richard Simonetti
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